Nova denúncia contra Sarney após gravação
O surgimento de supostas gravações telefônicas em que uma neta do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), teria negociado com o avô a nomeação de seu namorado, por meio de ato secreto, pode motivar uma nova denúncia contra o peemedebista no Conselho de Ética da Casa.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), anunciou nesta quinta-feira (16) que irá levar o caso ao conselho, para que o colegiado apure a suposta participação de Sarney nas negociações que levaram o então diretor-geral Agaciel Maia a nomear o namorado de sua neta para um cargo de R$ 2,7 mil no Senado. “Vamos ver se a água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, afirmou Virgílio.
Apesar de o recesso parlamentar começar nesta sexta-feira (17), o senador afirmou que vai protocolar a medida já na próxima semana.
Segundo reportagem publicada nesta quinta pelo jornal "O Estado de S. Paulo", gravações reunidas pela Polícia Federal durante a Operação Boi Barrica, bem antes de explodir a crise do Senado, trariam telefonemas do filho do peemedebista Fernando Sarney para Agaciel Maia. Há, também, de acordo com a reportagem, referências diretas a nomeações de parentes e agregados do clã Sarney via ato secreto.
A operação Boi Barrica também levou a PF do Maranhão a indiciar, na noite desta quarta, Fernando Sarney, por crimes como formação de quadrilha, tráfico de influência e lavagem de dinheiro, entre outros. Ele nega todas as acusações.
Conversas
Segundo o jornal, uma sequência de conversas gravadas entre março e abril de 2008 seria a prova da ligação de Sarney com Agaciel e com os atos secretos. Segundo a reportagem, nas gravações realizadas com autorização da Justiça, Maria Beatriz Brandão Cavalcanti Sarney, filha de Fernando Sarney, telefona para o pai, interessada em nomear, no Senado, uma pessoa que, segundo a PF, seria o namorado dela. A nomeação seria feita na vaga de um outro agregado do clã, Bernardo Brandão Cavalcanti Gomes, irmão de Beatriz por parte de mãe, que já estava na folha de pagamento do Senado desde 2003 e tinha pedido demissão.
Segudo o jornal, com o argumento de que a vaga pertencia à família, a neta do presidente do Senado teria articulado para colocar no lugar Henrique Dias Bernardes. O próprio Sarney apareceria nas conversas. Ele teria recebido orientação para que enviasse o currículo de Henrique Bernardes a Agaciel. O meio-irmão de Beatriz fora exonerado em 25 de março de 2008. Em 10 de abril, saiu a nomeação de Bernardes - por meio de um ato secreto assinado por Agaciel.
Ao jornal, Bernardes disse que faz serviços administrativos na área médica do Senado. Indagado sobre a maneira como conseguiu a vaga, ele mandou o repórter “perguntar na Secretaria de Recursos Humanos”. Em seguida, admitiu: “Cheguei através de indicação, mas não vou dar detalhes”. Ele negou ser namorado de Beatriz. “Eu conheço a Bia por amizade, uma leve amizade”.
Por telefone, o G1 tentou, sem sucesso, localizar a assessoria do presidente do Senado e ainda aguarda o retorno dos recados.
Comentários