Sarney: servidores nomeados por atos secretos serão exonerados
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou nesta segunda-feira (13) que todos os atos secretos perderão validade com a publicação da medida assinada por ele nesta manhã. A medida anula todos os 663 atos administrativos não publicados durante os 14 anos de gestão do ex-diretor-geral Agaciel Maia.
Ao ser perguntado sobre se os atos secretos seriam cancelados devido à medida assinada, Sarney respondeu: "Claro, o ato é nulo." O presidente do Senado também garantiu que todos os servidores nomeados por atos secretos serão exonerados "a partir da publicação" da medida assinada nesta segunda-feira.
As declarações do presidente do Senado ocorreram em resposta ao posicionamento divulgado mais cedo pela Consultoria Legislativa da Casa, segundo o qual a decisão de Sarney não teria efeito prático imediato.
Segundo a consultoria, nenhum servidor nomeado por ato secreto seria exonerado e nenhuma das determinações criadas por atos não publicados seria extinta de imediato. Apenas em 30 dias o Senado poderia apontar os atos que serão anulados e os que vão permanecer em vigor.
Sarney, no entanto, garantiu que as medidas serão adotadas a partir da publicação do ato no Diário do Senado nesta terça-feira (14).
Ato
Acatando recomendação do Ministério Público Federal e da comissão de sindicância que investigou a existência de atos secretos no Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), anunciou nesta segunda pela manhã que havia assinado uma medida cancelando todos os atos secretos da Casa. Diz o primeiro artigo da medida: "Anular os 663 atos administrativos veiculados nos 312 Boletins Administrativos de Pessoal referidos no Relatório da Comissão Especial."
A decisão de Sarney ocorre uma semana após o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), ter denunciado o presidente do Senado ao Conselho de Ética da Casa, por suposta quebra de decoro. A exemplo do tucano, também o PSOL apresentou representação para apurar a responsabilidade de Sarney sobre a edição de atos secretos.
O Senado já havia anulado dois dos 663 atos secretos. No fim de junho, foi anunciada a anulação de um ato secreto que concedia ao diretor-geral e ao secretário-geral da Casa um plano de saúde vitalício, semelhante ao concedido aos parlamentares. O ato de número 18, assinado em 2000, tratava do tema e ainda não havia sido publicado no Diário Oficial do Senado.
Na semana passada, outro ato secreto, que autorizava um reajuste para os chefes de gabinete de 40 secretarias [que antes eram classificadas como "diretorias"] da Casa, também foi anulado. Os funcionários que se beneficiaram por esse ato secreto recebiam uma gratificação de R$ 412,80 por mês.
O escândalo dos atos secretos surgiu depois de denúncias publicadas na imprensa de que decisões administrativas adotas pela Diretoria Geral do Senado eram mantidas em sigilo e serviam para nomear e exonerar afilhados e parentes de senadores, além de aumentar salários e benefícios.
A investigação realizada por uma comissão de sindicância da Casa apurou a suposta responsabilidade do ex-diretor-geral Agaciel e o ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi pela edição dos atos. Os dois respondem a processo administrativo no Senado ao lado de mais cinco servidores.
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