AL vai votar projeto que prevê o uso institucional da citronela
A Assembleia Legislativa considerou apto a ser submetido à primeira votação, em Plenário, projeto de lei que, caso aprovado, vai tornar Mato Grosso o primeiro estado brasileiro a lançar mão, institucionalmente, do uso da citronela no combate à dengue. Com propriedades tônica, anti-séptica e desinfetante, o “Cymbopogon winterianus” tem ação cientificamente comprovada no controle biológico do Aedes aegypti e vem sendo estudado por pesquisadores brasileiros.
Pela proposta, inserida em projeto de lei do líder do Partido Republicano na Assembleia Legislativa, deputado Wagner Ramos, o governo deve desenvolver no estado a campanha “Citronela contra a Dengue”.
A mobilização ficará a cargo da Secretaria de Estado de Saúde e envolverá, entre outras ações, divulgação sobre os benefícios do cultivo e a manipulação da planta nas residências, comércios, indústrias e em terrenos baldios, além do fornecimento de mudas à população.
O objetivo do parlamentar é ver revertido o atual status de Mato Grosso em casos de doenças e mortes pela dengue. Dados do Ministério da Saúde revelam que até a metade de março foram registrados 235 casos de Febre Hemorrágica de Dengue (FHD), com 16 óbitos, e que Mato Grosso é um dos cinco estados que, juntos, concentram 72% do total geral das notificações. Os outros são Bahia, Espírito Santo, Roraima e Minas Gerais. Ainda de acordo com o MS, Mato Grosso é considerado “estado em alerta”. O período de maior transmissão da doença vai de janeiro a maio, intervalo em que ocorrem aproximadamente 70% dos casos.
Para Wagner Ramos, a infecção pelo mosquito Aedes aegypti é hoje, provavelmente, o mais grave problema de saúde no Brasil, dada sua ocorrência em todos os estados do país e o fato de que ele transmite os vírus causadores de três doenças humanas graves: a dengue tradicional, a dengue hemorrágica e a febre amarela.
“Para a febre amarela já existe vacina que ajuda na sua prevenção. Mesmo assim, vivemos, em algumas regiões, sob forte ameaça dessa terrível doença. Para as outras duas doenças ainda não existe vacina, é difícil prever quando haverá e, além disso, não existe tratamento específico para elas. Esse quadro nos torna muito vulneráveis e, exatamente por isso, precisamos fazer tudo o que esteja ao nosso alcance para impedir o alastramento dessas doenças”, alertou o líder republicano.
A dengue é dolorosa, deixa seqüelas e – na sua forma hemorrágica – tem alto índice de mortalidade. Segundo estatísticas, em 2007 aproximadamente 500.000 pessoas tiveram dengue no Brasil, das quais pelo menos 250 morreram com a forma hemorrágica.
Só entre janeiro e março de 2008, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) registrou 120.413 casos de dengue clássica, 647 casos de Febre Hemorrágica da dengue e a ocorrência de 48 óbitos. Em comparação com 2006, houve aumento de 136.488 casos de dengue no país. Em março daquele ano aconteceu o maior número de notificações (102.011 casos).
Há cerca de dois meses, Mato Grosso tinha registradas nove mortes confirmadas por dengue hemorrágica: Cuiabá (4), Várzea Grande (1), Rosário Oeste (2), Nova Nazaré (1) e Tangará da Serra (1). Dados da Vigilância Epidemiológica do Estado apontavam para 6.249 casos notificados de dengue em Mato Grosso este ano. Do total, 299 eram graves em Cuiabá, Várzea Grande, Nova Olímpia, Nova Mutum, Poconé, Canarana, Nobres, Tangará da Serra, Rosário Oeste e Cáceres.
“A campanha será uma forma adicional de combate ao Aedes aegypti, já que também é necessário que a população se mobilize ainda mais para impedir que ele se reproduza. O estímulo à citronela é também uma alternativa aos repelentes químicos, nocivos à saúde, principalmente no caso de pessoas que sofrem de asma ou rinite”, confirmou Wagner Ramos.
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