Após denúncia, Serys afasta assessora que mora nos EUA
A senadora petista Serys Marly se viu numa saia-justa e, para não carregar desgaste por um bom tempo em meio aos escândalos que rondam o Senado, tratou de tirar logo do seu gabinete e colocar à disposição do departamento de Recursos Humanos a servidora efetiva do Senado Solange Amarelli. Acontece que Solange mora há quase dois anos em Bethesda, em Washington e, de quebra, recebe salário de R$ 12 mil do Senado, além de direito a horas extras, revela o jornalista Ricardo Noblat, em seu blog. Nesse caso, Solange seria espécie de funcionária fantasma no gabinete da parlamentar mato-grossense.
Em nota, Serys alegou que "Solange se encontrava de licença funcional". Noblat, no entanto, contrapõe a senadora. Ele assegura que o prazo de licença da servidora venceu há mais de um mês. O jornalista enfatiza que ela foi admitida como servidora do Senado em 1988. Depois, se casou com um diretor do Banco Mundial e se mudou para os Estados Unidos. Com um salário similar ao do presidente da República, Solange continua na folha de pagamento do Senado, mesmo morando fora do país.
Noblat destaca ainda que a servidora que estava vinculada à Serys ainda recebia pagamento de horas extras a que têm direito os demais servidores do gabinete. "Ela não foi autorizada pelo Senado a morar no exterior. Quando senadores visitam Washington, ela costuma ciceroneá-los a pedido de Serys", escreve Noblat para, em seguida, completar: "a cada três ou quatro meses, Solange visita o Brasil e passa alguns dias em Brasília." Conta ainda que a servidora privilegiada "adaptou-se bem à vida em Bethesda, já que em 11 de novembro do ano passado foi apresentada como uma das novas integrantes do The GFWC Maryland Federation of Women´s Clubs, Inc. Vez por outra participa de eventos promovidos na cidade por uma entidade que presta assistência a latinos que moram em Washington. E já foi entrevistada pelo jornal da escola onde seu filho estuda."
Trajetória
Serys é senadora desde 2003. É a primeira mulher mato-grossense a conquistar cadeira no Congresso Nacional. Seu mandato vence no próximo ano, mas ela quer mais. Se articula para concorrer à reeleição e está determinada, inclusive, a concorrer às prévias do PT, já que o deputado federal Carlos Abicalil também está de olho na candidatura de senador. Professora universitária aposentada, Serys começou na vida pública como secretária de Educação da Capital, em 1986. Dois anos depois teve uma passagem "relâmpago" no comando da mesma pasta do Estado à época do governo Carlos Bezerra. Se elegeu deputada estadual em 1990 e exerceu três mandatos na Assembleia. Neste período era tida como polêmica e radical e, na atuação como opositora aos governos Jayme Campos (91/94) e Dante de Oliveira (1995/2002), liderou vários protestos e ações na Justiça em defesa dos servidores e das chamadas minorias. Agora, no Congresso Nacional, a governista Serys é "paz é amor".
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