Jayme Campos admite gastos ilegais com dinheiro do Fundef

O senador Jayme Campos (DEM) admitiu, em entrevista por telefone ao Midianews, nesta terça-feira (9), que gastou recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) em despesas que não têm nenhuma relação com o programa federal, na sua terceira gestão como prefeito de Várzea Grande, entre 2000 e 2004.

O parlamentar confirmou ter gasto dinheiro (não especificou o total) com publicidade, fornecimento de passagens aéreas, confecção de camisetas, aquisição de troféus e compra de material esportivo. Por isso, ele foi condenado pela Justiça, que apontou prática de improbidade administrativa.

O juiz da 1ª Vara Especializada da Fazenda Pública, José Luiz Leite Lindote, condenou o ex-prefeito a uma multa de 70 vezes o valor do salário que ele recebia como prefeito, o que equivale, em média, ao total recebido em cinco anos e oito meses. O valor deve ultrapassar o montante de R$ 700 mil.

Jayme Campos disse estar "tranquilo", pois, segundo ele, "não existe nada disso" (a improbidade administrativa apontada pelo MP e Judiciário). Ele disse que vai vai recorrer da decisão.

Para o senador, embora tenha se desviado da finalidade do Fundef, os recursos não foram gastos indevidamente, como o juiz Lindote destacou na sentença. Essa, segundo ele, seria a interpretação do magistrado. Além disso, Jayme afirmou que houve um "equívoco" por parte do juiz em condená-lo, pois, se houvesse irregularidades, as suas contas não teriam sido aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado e nem pela Câmara Municipal de Várzea Grande.

"Alguém tinha que pagar"

"Fiquei surpreso com essa condenação, pois não existe nada de ilícito", disse Jayme Campos. Ele revelou que a energia da igreja (Coração de Maria) foi paga porque ela cedia uma sala para a Secretaria de Educação desenvolver programas; os gastos com passagens foram com professores que precisavam a Brasília fazer cursos, além de assessores que levariam os projetos; as camisetas e os troféus foram para um time que havia na secretaria. "As despesas tinham que ser pagas e eu nao ia tirar dinheiro do meu bolso", afirmou o senador.

Jayme Campos disse, ainda, que prefere acreditar que a decisão da Justiça em condená-lo não esteja relacionada a questões políticas, observando que "a Imprensa divulgou a condenação antes mesmo de ele ser notificado. "Nem fui notificado ainda, e o fato já está na mídia. Tenho meu direito de defesa e vou recorrer, mas não existe nada de ilícito", afirmou.

O senador alegou, ainda, que aplicação dos recursos não é definida pelo prefeito, e sim pelos responsáveis por departamento - neste caso, a Secretaria de Educação. Jayme Campos não comentou a observação de que o prefeito, nesses casos, autoriza os gastos.