Justiça de MT condena cinco pelo caso dos sanguessugas
A Justiça Federal de Mato Grosso condenou cinco pessoas por envolvimento com a "máfia das ambulâncias". As sentenças são as primeiras no país desde maio de 2006, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Sanguessuga e desmontou um esquema que fraudava licitações públicas para a compra de ambulâncias e equipamentos hospitalares.
Entre os primeiros condenados, não estão os empresários empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin, apontados como chefes do esquema, nem prefeitos ou as dezenas de congressistas e ex-congressistas denunciados pelo Ministério Público Federal por suspeita de receberem propina para favorecer a suposta quadrilha.
As sentenças --que variam de um a quatro anos de prisão, convertidas em prestação de serviços e multa-- atingiram uma ex-funcionária dos Vedoin, um contador, uma ex-assessora parlamentar e dois empresários que cederam seus nomes e de suas empresas para compor processos de licitação.
De acordo com a Procuradoria, todos mantinham "associação estável" com o esquema supostamente comandado pelos empresários. Uma das condenadas, Maria Estela da Silva, era a responsável por "operacionalizar a fraude" nas compras feitas pelos municípios, segundo a Procuradoria.
"Diretamente subordinada ao acusado Luiz Antônio Trevisan Vedoin (...) [orientava] servidores municipais e prefeitos a como proceder no direcionamento do processo licitatório", diz trecho da sentença do juiz Jeferson Schneider, da 2ª Vara da Justiça Federal.
Ouvida em juízo, Maria Estela admitiu que cumpria tais tarefas e ainda apontou nomes de prefeitos e congressistas que teriam contato com a quadrilha. Beneficiada com a "delação premiada", teve reduzida em dois terços a pena original de três anos de prisão --que foi ao final convertida em prestação de serviços a uma entidade filantrópica de Cuiabá.
A reportagem entrou em contato e deixou recado com o advogado da ex-funcionária, mas não obteve resposta.
A advogada do contador Bento José de Alencar disse à Folha que a condenação de seu cliente, que teria aberto firmas irregulares para a quadrilha, foi feita sem provas e que já havia proposto recurso.
O mesmo disse o advogado do empresário Aristótles Gomes Leal Neto, acusado de ceder um empresa em seu nome para simular licitações promovidas pelo esquema.
A reportagem não conseguiu localizar representantes da ex-assessora parlamentar Tereza Norma Rolim Félix, que trabalhou no gabinete do ex-deputado federal Ricardo Rique (PL-PB). Também não encontrou representantes de Manoel Vilela de Medeiros, que, segundo a Procuradoria, se tornou sócio de empresas "que foram utilizadas para fraudar licitações". Todas as sentenças são passíveis de recurso.
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