Presidente do TSE defende diversificação de doadores em campanhas eleitorais

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Carlos Ayres Britto, defendeu nesta quinta-feira o financiamento de campanhas com pequenas doações voluntárias de vários eleitores. Durante assinatura de um convênio do TSE com o TCU (Tribunal de Contas da União) para fiscalizar as contas de campanhas eleitorais, Britto afirmou que os partidos precisam incentivar doações de eleitores e adotar o sistema eletrônico com campanhas pela internet.

Britto sustentou que a última eleição nos Estados Unidos --que levou Barack Obama à Casa Branca-- mostrou que o modelo é eficiente e criticou o sistema brasileiro. "Enquanto Barack Obama recebeu doações de cerca de US$ 600 milhões de 3.500 pessoas, no Brasil, o presidente Lula [presidente Luiz Inácio Lula da Silva] foi financiado por pouco mais de mil pessoas. O governador José Serra [São Paulo] recebeu dinheiro de pouco mais de 50 doadores. Vejam só como nossa cidadania se retrai", disse.

Para o ministro, o financiamento com várias fontes é uma ferramenta para combater casos de corrupção no poder público. "Quem faz financiamento por debaixo dos panos tende a cobrar o capital investido também por debaixo dos panos", afirmou.

O foco do convênio é o combate ao chamado caixa dois. O acordo de cooperação pretende melhorar a análise do conteúdo e da autenticidade dos documentos referentes a doações aos partidos, comitês financeiros ou aos próprios candidatos. O dinheiro arrecadado e os gastos realizados também são alvo do acordo.

"Vamos fazer um rastreamento do caminho dos recursos que os financiadores dispõem para os candidatos e partidos políticos. O intuito não é dificultar as doações, mas nós queremos saber das coisas às claras", disse Britto.

O acordo prevê ainda a realização de auditorias ou outras formas de investigação de assuntos de interesse e a atuação conjunta no levantamento e tratamento de informações em apoio à Rede de Controle da Gestão Pública. As ações não serão restritas aos anos em que são disputadas eleições.