Pedro Taques descarta candidatura ao Governo de MT
O procurador da República, Pedro Taques, declarou, em entrevista à Rádio CBN, nesta sexta-feira (8), que não pretende disputar as eleições em 2010 - ele chegou a ter cogitada uma candidatura a governador de Mato Grosso -, assinalando que um dos principais obstáculos para entrar no jogo político-eleitoral é o fato de que, hoje, ele atua no Ministério Público Federal no Estado de São Paulo.
No entanto, ele observou que a sua simples presença em Mato Grosso preocupa muitas pessoas ligadas à política. "Não sou toda essa coisa, não. Não sou a última bolacha de chocolate do pacote, não sou professor de Deus e não tenho a verdade absoluta. Mas, uma coisa é fato: eu incomodo algumas pessoas", afirmou.
Taques relacionou essa "preocupação" dos políticos ao fato de o seu nome ser cogitado como pretenso candidato em 2010 e de ter recebido alguns convites, publicamente, para se filiar em partidos. "Com o surgimento dessa discussão, de uma eventual participação política, algumas pessoas ficam temerosas. Não sei ainda o porquê. Mas, no momento oportuno, eu descubra isso", afirmou.
Durante a entrevista, o procurador observou que a atual "marginalidade" na política, nos cenários estadual e nacional, se dá em função dos desmandos e afirmou que a corrupção não é originária dos partidos políticos, e sim de seus integrantes. "Os partidos não cometem crimes... Quem comete crimes são pessoas. Eu não gosto de pessoas que cometem crime, sou uma pessoa que tem a vida pautada pela Lei", afirmou.
A respeito do financiamento público das campanhas eleitorais, Pedro Taques defendeu um critério, que, em sua opinião, evitaria que os candidatos ficassem nas mãos de grupos e defendesse a sociedade. "Uma pessoa de bem que deseja ser candidata não pode ser refém de grupos empresariais. Ela tem que ser candidata de uma parcela da sociedade. Se um dia eu for candidato, não vou ser candidato de grupos empresariais. Eu gostaria de ser representante de grupos sociais do Estado, de um conjunto de pessoas", destacou.
Pedro Taques também questionou a cogitação de ser aprovada no Congresso Nacional a votação por lista, sublinhando que isso só interessaria aos grandes caciques da política brasileira. "Isso vai fazer com que o ‘caciquismo' se perpetue na política nacional, impedindo que o eleitor renove o Legislativo, nos âmbitos federal e estadual", criticou.
Arca de Noé
O procurador Pedro Taques foi um dos responsáveis pela Operação "Arca de Noé", que desarticulou grande parte da organização criminosa em Mato Grosso comandada pelo bicheiro João Arcanjo Ribeiro. O ex-comendador encontra-se preso na penitenciária de segurança máxima de Campo Grade. Para Taques, o crime organizado no Estado ainda não acabou. "O crime organizado não acabou no Estado, pois sempre ficam espaços vazios e quem acha encaixa. Afinal, outras formas de crimes passam a ocupar o espaço. Mas, de 2002 para cá, aquela mancha que existia no Estado diminuiu muito", completou.
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