Jayme critica, mas não aceita DEM romper com o governo
Mesmo incomodado com a ação da chamada turma da botina, grupo ligado ao governador Blairo Maggi (PR), o senador Jayme Campos (DEM) só fica na ameaça de romper com o Palácio Paiaguás. Essa novela já perdura por cinco anos. Membros da Executiva Regional do DEM, presidido pelo ex-deputado e conselheiro aposentado do TCE Oscar Ribeiro, chegaram a defender que o partido pule para a oposição, mas a proposta não encontra respaldo da maioria e nem dos deputados democratas na Assembleia. Nos bastidores, o cacique dispara críticas contra a gestão Maggi, principalmente por este não abrir espaço ao partido no primeiro escalão.
Jayme afirma que o DEM não indicou um cargo no staff, mesmo tendo o filiado Neldo Egon à frente da pasta do Desenvolvimento Rural, Leôncio Pinheiro na presidência da Empaer e Walter Sampaio no segundo escalão na secretaria de Infraestrutura. Já publicamente, o parlamentar prefere um discurso em tom conciliador. Esse puxa-e-encolhe já levou os dois grupos, o capitaneado por Jayme e aquele ligado a Maggi, a estabelecer uma certa distância.
O senador se mantém nas discussões como pré-candidato a governador, mas não toma decisão quanto à relação com o Paiaguás. Vive no muro. Ele só não levou o DEM (ex-PFL) à ruptura porque teme que seu partido fique mais isolado ainda porque vários democratas possuem cerca de 250 indicações de cargos DAS. Pesa também o fato do governo, mesmo com sete anos no comando do Estado e a um para concluir o mandato, apresentar boa avaliação no conceito geral da população, segundo revelam pesquisas internas.
(Des)vinculação
Mesmo eleito senador em 2006 no palanque de Maggi e tendo Luiz Pagot, afilhado político do governador, como primeiro-suplente, Jayme Campos, se sente isolado pela turma da botina, tanto que não poupa críticas a alguns secretários estratégicos do governo e constantemente manda recado. Os dois grupos já tiveram várias divergências. Primeiro, Jayme e o ex-senador Jonas Pinheiro (já falecido) trouxeram a Cuiabá a cúpula nacional do velho PFL, especialmente para receber a filiação de Maggi, que tinha deixado o PPS. Na hora de assinar a ficha, Maggi recuou.
Antes, ainda no primeiro mandato, o governador exonerou sumariamente o adjunto de Infraestrutura, ex-senador Zanete Cardinal, que havia sido indicado ao posto pelo então PFL e foi denunciado pelo TCU por obras irregularidades num rodovia na época em que comandava o extinto DVOP. Os pefelistas ficaram na bronca com Maggi. Depois, numa viagem a Brasília, Jayme aproveitou que alguns secretários estavam no avião e disparou ataques ao governador. E assim, entre "tapas e beijos", caminham os grupos de Jayme e de Maggi.

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