Júlio Campos festeja avanços da aliança DEM-PSDB
Ex-governador se mostra bem à vontade ao lado de antigos adversários
Quem ouve não acredita, mas, depois de décadas às turras com o PSDB, o grupo político do senador Jayme Campos agora é todo sorrisos, como se fossem parceiros "de primeira hora". Na comemoração do aniversário de Cuiabá, na quarta-feira (8), o ex-conselheiro do Tribunal de Contas, Júlio Campos, se mostrava muito à vontade no palanque do prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB). Aliás, Júlio era o único político "fora do ninho" presente no desfile cívico, na Avenida Getúlio Vargas.
Questionado sobre o andamento das conversas em torno da repetição, em Mato Grosso, da aliança formalizada em nível nacional com vista ao apoio à candidatura do governador de São Paulo, José Serra, ou de Minas Gerais, Aécio Neves, à Presidência da República, Júlio disse que estão bem avançadas. Segundo ele, está praticamente definido que DEM e PSDB deverão se alinhar na disputa pelo Governo do Estado em 2010.
Tanto é que a deputada federal Thelma de Oliveira (tida como futura presidente do partido) e o "escorregadio" presidente do Democratas, Oscar da Costa Ribeiro, estão capitaneando as conversas em torno do entendimento. Correndo por fora nas articulações está o ex-senador Antero Paes de Barros.
"Não vamos ter problema, são seis vagas na chapa majoritária (governador, vice, dois senadores e dois suplentes) e vai ser possível contemplar todos que vierem fazer parte dessa aliança. Cada partido também está trabalhando na formação de chapas fortes para garantir um bom número de representantes na Assembléia e na Câmara Federal. Então, não vejo dificuldade em sacramentar essa aliança", diz.
Ladino na lide política, Júlio Campos sempre tem uma resposta - que ele acha convincente - para tudo. E, quando perguntado sobre a possível disputa entre o prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, e o seu irmão, senador Jayme Campos, pela candidatura ao Governo, ele afirma que esse cenário não existe e que faz parte do acordo entre as duas siglas.
"Não creio que isso vá ocorrer. Acredito que Wilson e Jayme estão maduros politicamente o suficiente para respeitar a vontade do povo e dar a vez àquele que foi apontado pelas pesquisas qualitativa e quantitativa que serão realizadas a partir de janeiro do ano que vem. Até lá, cada partido cuida da sua parte, que é buscar o fortalecimento das bases e da militância. O trabalho, neste ano, é da base e no ano que vem, dos políticos", argumentou.
Sem apego
Júlio Campos diz que Jayme mudou muito politicamente e que, ao contrário do que era até certo tempo atrás, "deixou de ter aquele apego a algumas coisas". De acordo com o ex-conselheiro, o senador não tem apego a cargo e está consciente de que deve ir para a disputa quem estiver em situação melhor na preferência do eleitorado, preferência que será auferida por pesquisa.
"Ele (Jayme Campos) não tem mais apego nem a dinheiro. Jayme passou por uma experiência muito difícil na vida (a morte do filho Jaiminho em um acidente de carro na Avenida República do Líbano, em Cuiabá) e isso abriu novos horizontes para ele, começou a enxergar a vida de forma diferente e hoje é uma outra pessoa, está mais maduro, mais aberto ao diálogo, mais generoso. Por isso, entendo que as coisas terão um outro encaminhamento", disse Júlio Campos, que se prepara para disputar uma vaga de deputado federal, nas eleições do ano que vem.
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