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Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Terça - 07 de Abril de 2009 às 14:54

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O juro praticado por bancos estrangeiros no Brasil chega a ser até dez vezes o juro cobrado por essas mesmas instituições financeiras em seus países de origem, mostra um estudo feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sobre o setor bancário.

O instituto focaliza alguns dos bancos estrangeiros de maior porte estabelecidos no país: HSBC, Santander e Citibank. No caso dos empréstimos pessoais, pelo levantamento do Ipea, o britânico HSBC pratica uma taxa de juro de 6,60% ao ano no Reino Unido, enquanto oferece juros de 63,42% ao ano para os brasileiros; Já o espanhol Santander oferece ao seus clientes do seu país sede juros de 10,81% ao ano enquanto pratica juros de 55,74% ao ano por aqui.

Ainda segundo o instituto, o americano Citibank empresta a juros de 7,28% ao ano nos EUA, enquanto opera taxas de 60,84% ao ano em território brasileiro.

Para chegar a esses números, a equipe de pesquisadores do Ipea levantou em conta os juros oferecidos na primeira semana de abril deste ano, e levou em conta os juros agregados aos serviços administrativos, riscos de inadimplência, margem de lucro e tributação.

Empresas

A situação não muda muito no caso das operações para empresas. A amostra do Ipea levou em conta os mesmos bancos, considerando desta vez a taxa anual real de juros total prefixada sobre capital de giro.

No caso do HSBC, a taxa de juros oferecida aos empresários do Reino Unido é de 7,86% ao ano, no Brasil, é de 40,36% ao ano para os empreendedores nacionais; no Santander, o juro praticado é de 3,80% ao ano, enquanto a taxa é de 15,58% ao ano para os empresários brasileiros. Já no caso do Citibank, o Ipea não fornece a taxa de juros praticada nos EUA, e apenas informa que, no Brasil, a taxa oferecida é de 17,50%.

Concentração

A pesquisa do Ipea também detectou um movimento de concentração bancária, provocado pelo enxugamento do número de instituições financeiras em paralelo ao fechamento de quase duas mil agências entre os anos de 1990 e 2007. Segundo levantamento do instituto, nesse período, foram fechadas 1.688 agências. E entre 1996 e 2007, o número de bancos caiu de 230 para 156.

Para o Ipea, a redução no número de agências bancárias provocou um aumento das distâncias percorridas pelos usuários e a concentração de clientes numa mesma unidade atendimento.

"Até a década de 1980, por exemplo, havia para cada agência, em média, cerca de 8 mil brasileiros. A partir de 1990, a relação de agência por brasileiro subiu para mais de 10 mil pessoas. Em 2007, o Brasil tinha menos agência por população que em 1980", avalia a equipe de pesquisadores do Ipea.

Essas agências estão concentradas principalmente nas 27 capitais do país, com 33,9% do total das agências bancárias existentes. O Ipea registra ainda que 505 municípios (9% do total) sem uma agência bancária.

O instituto faz a ressalva de que houve avanços no país com o uso dos chamados "correspondentes bancários" (como o Banco Postal, por exemplo), com 84,3 mil unidades de atendimento em padarias, postos lotéricos, correios, farmácias, entre outros.

Riscos

A equipe de pesquisadores do Ipea avalia ser problemático para o desenvolvimento do país não apenas os problemas na oferta de serviços bancários quanto de oferta de crédito.

"O custo do crédito supera em muito os patamares internacionais e o atendimento bancário é precário em vastas regiões do Brasil. Esse quadro, quando os efeitos mais graves da crise forem superados, vai recolocar o problema de acesso ao crédito e representar, novamente, um obstáculo para atingir um padrão de crescimento econômico mais elevado", afirmam os pesquisadores do instituto.





Fonte: Folha Online

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URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/162008/visualizar/