Tantas Tragédias

Tentando encontrar uma resposta para questionamentos feitos a respeito do que está acontecendo em Nortelândia, cheguei a algumas conclusões que talvez não seja igual a que outras pessoas pensem, mas são as minhas próprias. Vou tentar expor o meu ponto de vista, baseado nesses fatos nefastos presenciados ultimamente, como suicídios, estupros, homicídios e tentativas de homicídios e alto índice de pessoas perturbadas mentalmente que perambulam pela cidade.

Lembro-me que quando criança seguíamos religiosamente uma rotina diária: Ir para a escola e ao retornar fazer a tarefa e depois, ir ajudar nos serviços, como molhar a horta que tinha no quintal de casa, dar comida para as criações, etc, e as meninas, além da tarefa escolar (assim se chamava na minha época) se ocupavam dos afazeres domésticos, como cozinhar, lavar (vasilhas e roupas), limpar a casa e auxiliar na cozinha, dentre outros. Ainda assim, sobrava tempo para as brincadeiras com os amigos, que eram saudáveis. Aos domingos, quando acordávamos, a primeira coisa que fazíamos era colocar a melhor roupa (a famosa domingueira) e ir para a missa das 9. A Igreja ficava lotada, e a noite, eram nossos pais que iam. A vida humilde que eu e a maioria de meus amigos tínhamos nunca foi motivo para desviarmos da honestidade e nem para levar-nos a cometer violência (brigas, roubos, etc). As únicas violências que ocorriam eram na “zona veia”, mas somente por atritos ou disputas por “mulheres da vida”, como eram chamadas. Tínhamos respeito pelos pais e realmente vivíamos em uma família, e esse conceito em relação a trilhar o caminho do bem perpetuou também em todos os meus amigos, pois até hoje nunca ouvi dizer que algum cometeu algum delito ou teve problemas com a justiça.

Hoje vejo que minha cidade mudou. Acabaram-se os garimpos, e a geração pós, atualmente jovens, muitos foram embora da cidade a procura de emprego e de uma vida melhor. Muitos conseguiram se dar bem, mas infelizmente outros ainda não conseguiram se firmar profissionalmente. Essa aventura ainda persistirá, vez que a cidade ainda não oferece condições para que seus filhos ali continuem a morar e laborar.

Os valores morais, o conceito de família, de cidadania e também os conceitos religiosos estão sendo sufocados. Estão cedendo lugar para as conseqüências do desemprego, como drogas, prostituição e violência em geral. Está acontecendo fatos descritos no Apocalipse (que anuncia as tragédias do final dos tempos) como desestruturação familiar; filho estuprando mãe; pai matando filho; perturbados mentais assassinando pessoas de bem; pessoas se suicidando em números elevados para uma população tão pequena; crianças sendo molestadas em idade tão tenra; inversão de papéis e de valores morais tanto do homem quanto da mulher e muitas outras aberrações talvez ainda não descobertas, mas que podem estar acontecendo na cidade.

Os pais e as mães são os responsáveis pela educação dos filhos, além da escola e a Igreja, nos conceitos educacionais e cristãos. Muitos filhos miram-se nos seus exemplos, sejam aqueles casais que receberam a sagrada benção do matrimônio como àquelas mães solteiras. Mas infelizmente vejo também muitos deles bebendo diariamente pelos “bares da vida”, e muitas vezes, se prostituindo. Que exemplos esses filhos terão? Acredito que tudo isso contribui para a formação do caráter da pessoa, e tudo o que a criança aprende, positivo ou negativo, se reflete em suas ações futuras. Esses maus pais perdem até a moral e dignidade para cobrar alguma coisa de seus filhos futuramente.

As Igrejas, tanto a católica quanto as evangélicas estão ai, quase que vazias. Acabou-se àquela época em que viviam lotadas de pessoas, tanto pedindo como agradecendo graças recebidas. E olhe que Jesus é o único que liberta desse maligno que leva as pessoas a cometerem atrocidades.

O que se vê, são reflexos de uma política retrógrada que se instalou em Nortelândia nos últimos 15 anos, não tendo os governantes passados compromissos com o ser humano e com o desenvolvimento da cidade e prosperidade de sua gente, principalmente na busca de soluções para a geração de emprego e renda. Nortelândia quase parou no tempo, e muitos dos que lá vivem, ficaram reféns dessa inércia política e descaso social, principalmente na área de saúde e trabalho. Muitos estão conseguindo sobreviver em função do bolsa família e alguns bicos em casas de terceiros. E vejo que, sem perspectivas, estão se acomodando com essa situação.

Acredito nessa nova administração, alías, àqueles que depositaram o voto de confiança no atual Prefeito acreditam que essa situação possa ser revertida, afinal boa vontade e capacidade para buscar soluções não faltam ao Neurilan, e ele já começou pelo caminho certo, conforme leio matérias sobre suas ações a curto e médio prazo para resgatar grande parte daquilo que foi perdido. Um número expressivo da população necessita de políticas públicas verdadeiras, concretas e de resultados. Afinal, minha terra é um excelente lugar para se viver e grande parte de seus munícipes são pessoas amigas, honestas e trabalhadoras, muitos valorizando a sagrada instituição chamada família. A era gloriosa dos garimpos pode voltar, mas com outras atividades econômicas que propicie dignidade e prosperidade para o povo nortelandense.

Vejo isso que está acontecendo mais ou menos por esse lado, mas podem existir outros fatores a serem analisados, e respeito o que cada um pensa em relação ao assunto.

Em tempo: As águas do Rio Santana são abençoadas por Deus, não tendo nenhuma influência sobre esses trágicos acontecimentos, como ouvi piadinhas a respeito, ok?

Carlos Alberto de Araújo Carlosaraujo30@bol.com.br