Alexandre paga dívida de campanha "por fora"
Acionado na Justiça por supostos débitos de campanha não declarados que chegariam a quase R$ 3 milhões, o deputado e ex-presidente regional do PT Alexandre César começou a quitar a dívida. Segundo fontes petistas, depois de "embolsar" o dinheiro, empresários que antes reclamavam do suposto "calote", agora resolveram "aliviar a barra" do parlamentar nos depoimentos prestados na última quinta (12), na 1ª Zona Eleitoral, no processo instaurado a partir de denúncia do Ministério Público para apurar suposta prática de caixa 2 na campanha do próprio Cesar, derrotado a prefeito da Capital em 2004. A denúncia foi feita depois que empresários entraram na Justiça para garantir o pagamento dos serviços prestados ao petista durante a campanha e não registrados na prestação de contas fornecida à Justiça Eleitoral.
O curioso é que o dinheiro para a quitação dos débitos não está saindo dos cofres do partido, fato que configuraria a prática inédita, até onde se tem conhecimento, de "caixa 2 do caixa 2". O pagamento da dívida também chama a atenção devido ao "surgimento" de mais credores que, tal como os demais, prestaram serviço à campanha petista sem que os débitos fossem declarados ao Tribunal Regional Eleitoral.
Um dos credores é Carlos Roberto Pinto, da CBC Suprema, empresa de propaganda e publicidade. Ele recebera R$ 93 mil das mãos do petista. O valor é referente a três notas fiscais emitidas em 22 de outubro de 2004 e autenticadas no 4º Serviço Notarial de Várzea Grande no dia 14 de dezembro do mesmo ano. Carlos Roberto chegou a receber a folha de cheque nº 850492, emitida por Antonio Humberto Cesar Filho, irmão de Alexandre, mas não conseguiu descontá-la no Banco do Brasil por falta de fundo. O cheque foi devolvido em duas ocasiões, em 22 e 25 de novembro de 2004. Segundo uma fonte próxima ao petista, Alexandre conseguiu reaver a folha de cheque depois de quitar o débito.
Outros empresários que também teriam recebido recentemente pelos serviços prestados na campanha de Alexandre são Júlio César de Oliveira, representante da banda Stillo Pop Som; Leonir Rodrigues da Silva, proprietário das gráficas Atalaia e Maior; Rodrigo Piovezan, sócio-proprietário da Beta Vídeo; Dalmi Defanti Júnior, dono da Gráfica Print; e a responsável pela prestação de contas da campanha do petista Kátia Auxiliadora Xavier. "O salário do Alexandre não chega a R$ 12 mil, não temos idéia de onde ele está tirando dinheiro para pagar estes empresários", comentou, intrigrado, um membro da Executiva do PT.
Apesar de assumir na Justiça somente dívidas no valor de R$ 964 mil, Alexandre foi cobrado judicialmente em quase R$ 3 milhões. Conforme o petista, os débitos são de responsabilidade do diretório estadual do PT e foram contraídos mediante autorização da cúpula da direção nacional, à época presidido pelo então deputado federal José Genoíno (CE), com Delúbio Soares no cargo de tesoureiro.
Perguntado pelo RDNews se chegou a pagar dívidas de campanha, fora do caixa do PT, Alexandre Cesar se mostrou irritado. "Isso é um factóide", reagiu o deputado.
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