Lutero teme cassação e diz que Deucimar "vai cair do cavalo"
O ex-presidente da Câmara de Cuiabá, vereador Lutero Ponce (PMDB), reconheceu nesta sexta (13) que tem medo de ser cassado. O parlamentar revelou temer a maneira como as coisas vêm sendo conduzidas pelo novo presidente da Mesa Diretora, vereador Deucimar Silva (PP). Ele disse que não aguenta mais ser um "saco de pancadas". "A cada dia que acordo tem mais denúncias infundadas. Ele (Deucimar) fica fazendo sensacionalismo com o meu nome".
O parlamentar se mostra receoso com os rumos que sua vida política poderá tomar após a auditoria. "Eu temo, mas vou enfrentar tudo de frente. Vou me defender e se ele pensa que vai me derrubar, vai cair do cavalo", disparou Lutero em entrevista em seu gabinete ao RDNews. Na avaliação do peemedebista, Deucimar carrega uma espécie de "mágoa" porque ele não interferiu no processo por infidelidade partidária que culminou na perda do mandato do progressista em 2008. "Ele (Deucimar) quer deletar tudo de bom que fiz e, se possível, me deletar junto. Isso só pode ser perseguição pessoal. Na época em que eu era presidente da Câmara ele queria que eu intervisse de qualquer maneira. Chegou a pedir que eu não nomeasse Márcia Campos (DEM). Tenho que cumprir o que a lei determina, acho que ele não entendeu", analisa.
"Ele (Deucimar) quer deletar tudo de bom que fiz e, se possível, me deletar junto"
O peemedebista rebateu as recentes críticas apresentadas por Deucimar. Segundo Lutero, se comprou 6 mil litros de leite em um ano é porque recebia muitas visitas de alunos e a Câmara tem muito movimento. Quanto às 70 mil canetas, disse que nunca deixou faltar nada no gabinete. "Ninguém pode dizer que deixei os gabinetes sem clipes, papel sulfite, caneta. Não faltava nada". Ao ser questionado sobre os artefatos de Candomblé que teriam sido comprados durante a sua gestão, o parlamentar se limitou a dizer que suas contas foram aprovadas. "Na verdade são imagens.
O Tribunal de Contas nem questionou este quesito. Minhas contas foram aprovadas". O conselheiro Valter Albano apontou 20 irregularidades nas contas de Lutero, entre elas a existência de possíveis empresas fantasmas. O conselheiro Humberto Bosaipo pediu vistas ao processo e após análises defendeu a aprovação do balancete. Os conselheiros do TCE acabaram aprovando as contas do peemedebista - saiba mais aqui. "Eu estou aguardando a auditoria. Ela pode apontar que cometi irregularidades, mas ela não pode me punir. Caso sejam constatadas irregularidades vou pagar tudo que devo na Justiça. Eu não sou contra a auditoria, mas sim a maneira como ela vem sendo conduzida".
Lutero desmente ainda o fato de não ter entregue a auditoria feita em 2007, porém confirma que o balancete só se tornou público praticamente um ano depois da saída da ex-presidente da Casa e hoje deputada Chica Nunes (PSDB). "Ela (Chica) estava respondendo a um processo que corria em segredo de Justiça. Eu não podia tornar público o balancete. Mas todos receberam, inclusive Deucimar", garante. O vereador defendeu Chica dizendo que ela "foi muito mulher" durante a sua gestão e trouxe muitas melhoras. "Chica fez o que pode. Se cometeu erros será punida. Eu nunca fui a púiblico para desmoralizar ninguém".
Lutero defende antecessora Chica Nunes, acusada de ter desviado R$ 6 milhões dos cofres públicos: "ela foi muito mulher"
O parlamentar nega que esteja articulando pela absolvição de Ralf e afirma acreditar em sua cassação. "Os fatos são muito graves. Se as coisas foram conduzidas de maneira adequada, sua absolvição é improvável", avalia. Segundo o parlamentar, o ato de Ralf foi grave e respingou na imagem do Legislativo. "A sociedade está de olho, mas não podemos ferir a legalidade do caso. O problema todo está no fato de que não temos Código de Ética e eu assumo a minha culpa nisso. Os antigos gestores tinham que ter se preocupado com isso".
O peemedebista confessa estar cansado. "As pessoas que me conhecem, tudo bem, mas e o povo? Minha imagem está bastante desgastada", reclama. Lutero prefere se "esquivar" quando perguntado se acredita ser um político honesto. "A palavra honestidade é muito forte. Eu sou leal, ético e transparente. Acho que as pessoas usam a palavra honestidade com muita facilidade". Em sua avaliação, a imagem do Legislativo está bastante desgastada e o clima é de intranquilidade. "Estamos há dois meses e meio discutindo. Só brigas. O trabalho está ficando de lado. Não estou aqui para criticar a atual administração, mas acho que as coisas deveriam ser conduzidas de outra maneira".
"A palavra honestidade é muito forte. Eu sou leal, ético e transparente. As pessoas usam a palavra honestidade com muita facilidade"
Sobre a legalidade ou não do PCCS, o parlamentar argumenta que discutiu o projeto por mais de uma ano, que ele é legal e não acarreta excesso de gastos ao erário. Segundo o parlamentar o número de cargos comissionados da Mesa Diretora passou de 65 para 32 e a verba de gabinete passou de R$ 15 mil para R$ 12,2 mil. "Tanto é legal que a Justiça o obrigou a implantar. A minha folha era de R$ 960 mil. Com os meus cortes foi para R$ 800 mil. Mesmo com o PCCS, a folha é menor", garante. Ele nega ter deixado dívidas de R$ 1,8 milhão. "Só deixei uma conta de luz e pouco mais de R$ 100 mil de INSS. Já os salários, não fui eu quem empenhei. Houve um erro na prefeitura da passagem de uma LOA para outra".
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