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Meio Ambiente
Quinta - 12 de Março de 2009 às 18:21
Por: Antonio Gaspar

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Estudo realizado pela consultoria McKinsey estima em R$ 17,2 bilhões por ano o investimento necessário para o Brasil reduzir suas emissões anuais de gases de efeito estufa (GEE) em 1,2 GtCO2e (bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente). Com esses recursos, o País pode zerar as emissões de GEE causadas por desmatamento. O Brasil é o quarto maior emissor mundial de GEE. O trabalho foi apresentado por Stefan Matzinger, sócio-diretor da empresa de consultoria, durante evento promovido pelo Planeta Sustentável, da Editora Abril, contou com a participação de cientistas, ambientalistas e dos secretários estadual do Meio Ambiente, Xico Graziano, e municipal, Eduardo Jorge.

De acordo com o estudo, coordenado por Matzinger, as ações e setores que mais podem contribuir (algo em torno de 85%) para a redução das emissões de GEE são relacionadas a desmatamento, agricultura e pecuária. Hoje, o Brasil é responsável por 5% das emissões GEE. Em 2030, responderá por 4% (2,8 GtCO2e). A emissão per capita brasileira (12 toneladas de CO2) é elevada, comparável à de países industrializados europeus (10 toneladas de CO2). Sem o setor florestal, a emissão per capita cai para 5 tCO2, um valor ainda considerado elevado.

Segundo Matzinger, os consultores identificaram áreas em que os investimentos poderiam resultar na melhoria da qualidade de vida das populações locais e na redução da emissão de gases de efeito estufa, especialmente na Amazônia. Entre as chamadas forças do desmatamento estão a área madeireira, a pecuária, a exploração do carvão para a produção de ferro-gusa e a soja.

O setor madeireiro, por exemplo, envolve 230 mil pessoas na Amazônia. Segundo o estudo, 36% do que é extraído é exportado e 15% vem parar em São Paulo. Dessa madeira, 42% são usados em telhados e andaimes e apenas 15% são destinados a fins mais nobres, como móveis. O desperdício não se limita ao uso final do produto. Segundo levantamento do BNDES, as serrarias da região amazônica perdem em torno de 73,6% da matéria-prima, por conta da precariedade da tecnologia que utilizam. Outras áreas que deveriam receber investimentos são as de fortalecimento das instituições, monitoramento ambiental e de incentivos, para criação de um mercado sustentável.

Ações globais - O estudo iniciado pela McKinsey em 2006 não se limitou ao Brasil. No relatório global, os consultores concluíram "que a implementação de cerca de 200 iniciativas, em dez grandes atividades econômicas, segmentadas em 21 regiões do mundo, tem o potencial de reduzir as emissões em 55% a um custo inferior a 60 euros a tonelada de CO2, podendo chegar a 70% com iniciativas de custos mais elevados ou com seqüestro de carbono da atmosfera".

No caso brasileiro, foram identificadas 60 iniciativas capazes de reduzir em 10% as emissões de GEE com um custo negativo (benefícios maiores que os gastos). Outras 70 têm potencial de abatimento a um custo inferior a 10 euros por tonelada de CO2e2, valor abaixo do mercado internacional de crédito de carbono. Os consultores ressaltam, entretanto, que a implementação das medidas requer a criação de uma cultura de baixa emissão de GEE, de um arcabouço regulatório, de leis que estimulem investimentos e da maior inserção do País nos mercados globais de carbono.

Cenários - De acordo com o relatório, caso nada seja feito, a emissão global de 45 GtCO2 por ano deverá saltar para 70 GtCO2, provocando um aumento global de temperatura de 4ºC. Com a redução das emissões, será possível restringir as emissões em 23 bilhões de toneladas e promover elevação de "apenas" 2ºC na temperatura, um avanço menos danoso ao meio ambiente.

Apesar da crise econômica internacional, o secretário estadual do Meio Ambiente, Xico Graziano, ressaltou o papel do governo em ajudar a ampliar as possibilidades de investimento. "Estamos vendo um movimento dos aparelhos de Estado em direção a um New Deal verde, protagonizado pelos Estados Unidos. Vamos depender muito da atuação dos dirigentes, por isso precisamos usar da capacidade de pressão da sociedade e, nós, da agenda ambiental, temos de ser mais pró-ativos e propor a ruptura, impulsionar os Estados."

Ainda segundo Graziano, o governo deve agir para não privilegiar as empresas que trabalham com escala. "Sempre vai aparecer alguém para falar que energia alternativa é muito cara. É mais do que uma mudança tecnológica. Existe um domínio de quem controla a energia para impedir o surgimento de novas", afirmou.





Fonte: DiárioNet

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