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Politica Brasil
Terça - 10 de Março de 2009 às 09:55
Por: Itimara Figueiredo

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Ações voltadas ao combate às drogas e ao álcool têm sido uma constante no Poder Legislativo

Para atender na recuperação de jovens dependentes de álcool e drogas, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva (PP) indicou ao governador Blairo Maggi a necessidade de implantar uma clínica especializada no atendimento desse público em Cuiabá. A iniciativa também foi encaminhada aos secretários da Casa Civil, Eumar Novacki e de Saúde, Augustinho Moro.

Ações voltadas ao combate às drogas e ao álcool têm sido uma constante no Poder Legislativo. No mês passado, a Casa firmou parceria com a Polícia Judiciária Civil à realização do programa “De cara limpa contra as drogas”, para mobilizar a população no combate ao uso de drogas. Riva também recebeu os presidentes do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores de Empresas Terrestres de Cuiabá e Região (STETTCR) e Instituto dos Rodoviários, Olmir Justino Fêo e Ledevino da Conceição, respectivamente, que pediram o apoio da AL na realização de ações sociais que conscientizem as pessoas sobre os transtornos que essas substâncias causam.

“O parlamento tem a obrigação de participar e promover ações que combatam esse grande mal que afeta muitas pessoas”, afirmou.

Na indicação, Riva alerta de que mais de 1 milhão de crianças e adolescentes brasileiros com idade entre 6 e 17 anos têm problemas com uso de álcool e drogas. Muitos deles, pelo menos uma vez na vida sofreram acidentes de carro, se envolveram em brigas e tiveram transtornos com a polícia.

Uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), através do Ibope, revelou que essas substâncias fazem parte do universo de cinco milhões de brasileiros (12,6%), nessa faixa etária. Eles apresentam sintomas de transtornos mentais graves, como hiperatividade ou desatenção, transtorno de aprendizagem ou bipolar, depressão, irritabilidade e comportamentos desafiadores.

“O número foi maior que esperávamos, mas seguiu uma tendência já apontada por trabalhos anteriores. É um indicativo de que o problema está aumentando”, explica Tatiana Moya, coordenadora da pesquisa. Segundo a ela, 9% dos jovens que pertencem à classe C já apresentaram problemas causados pelo uso de álcool, maconha, ecstasy, cocaína, crack, lança-perfume, cola ou LSD. Nas classes A e B o percentual cai para 4%. Crianças de família com renda entre 1 e 2 salários mínimos também estão mais expostas: 10% delas já tiveram experiências com drogas, enquanto nas de orçamento superior a 10 salários mínimos o índice reduz a zero.

Riva argumenta que além da exposição, foi detectada maior dificuldade às mães de baixa renda conseguir tratamento aos filhos. O Sistema Único de Saúde (SUS) não conseguiu oferecer ajuda a 60% das famílias que recorreram aos hospitais públicos. “Existência de Ambulatórios de Saúde Mental Infantil é exceção nos estabelecimentos médicos do Brasil”, afirma Moya, que coordena o Departamento de Epidemiologia Psiquiátrica da ABP.

A maior incidência no consumo é período em que a criança está matriculada da 5ª à 8ª séries do ensino fundamental, quando 11% das mães reconhecem que os filhos fazem uso de entorpecentes. A orientação para elas é procurar ajuda com psiquiatras infantis para saber a melhor forma de lidar com a questão. “As crianças, muitas vezes, não reconhecem o problema, não aceitam tratamento e acabam por se envolver em atividades ilícitas para sustentar o vício, como roubos, assaltos e prostituição”, diz Moya.

O parlamentar também cita na indicação, a pesquisa feita pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), com apoio da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), que constatou que os estudantes de escolas públicas estão usando drogas cada vez mais precocemente. Crianças de 10 anos de idade começam a ter contato com as drogas e o álcool. O Cebrid é um centro de estudos ligado ao Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O total de estudantes que usam drogas, na rede estadual de ensino, é de 22,6%. As substâncias mais procuradas são os solventes, a maconha, os remédios para diminuir a ansiedade (ansiolíticos), os estimulantes (anfetaminas) e os remédios que atuam no sistema nervoso central parassimpático (anticolinérgicos). Entre os meninos, a maconha é a primeira da lista e, entre as meninas, o consumo maior é de estimulantes.

O Ministério da Saúde informa que existem apenas 264 unidades de atendimento público (Centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil/ Capsi) especializadas no atendimento em saúde mental para crianças e adolescentes em todo o País. Para atender à demanda apontada pelo estudo da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), cada Capsi precisaria atender 21 mil crianças. A capacidade média dos centros é de 240 crianças e adolescentes por ano. Dependendo da região, a carência de serviços é ainda maior. No Norte existem apenas seis Capsi; no Centro Oeste, 13. Já a Região Sudeste tem 147.

A maioria dessas crianças não tem acesso a tratamento adequado na rede pública de saúde (SUS). Menos de um quarto consegue atendimento por meio de convênio ou mesmo particular. Em todo o mundo, adverte a ONU, há 25 milhões de viciados em drogas, o que ocasiona aproximadamente 200 mil mortes por ano.

“O número de usuários de drogas não é estático, e, sim crescente, se ações não forem implementadas para tratar, principalmente, os jovens, mais e mais presídios terão que ser construídos”, alerta Riva.





Fonte: Assessoria/AL

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