Com a eleição de Sarney, Renan pode voltar ao Senado

Depois de negar o desejo de concorrer e até incentivar a reeleição do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), o senador José Sarney (PMDB-AP) oficializou ontem, na casa do seu colega de partido, sua candidatura à presidência da Casa. A eleição será dia 2. “A partir deste momento, eu sou o candidato. Não queria, mas não posso deixar de aceitar o apelo do meu partido em prol da unidade”, disse Sarney. Ele fez o anúncio ao lado de um constrangido Garibaldi, que teve de retirar sua candidatura.

Sarney propôs que o senador Tião Viana (PT-AC) retirasse a sua candidatura para manter unida a base aliada do governo, mas a idéia foi rejeitada. O PSDB também se reuniu ontem para anunciar quem vai apoiar, mas definiu apenas uma lista de 12 exigências, que foram aceitas pelos dois candidatos.

E o PMDB pode ganhar a presidência também da Câmara. Lá o candidato oficial do partido, Michel Temer (SP), também está confiante. O apoio de 14 partidos, com a criação de um bloco parlamentar com 426 deputados, levou Temer a se consolidar como favorito para a sucessão de Arlindo Chinaglia (PT-SP). “Prevejo vitória, mas vou aguardar”, disse, ao lado de líderes dos 14 partidos que o apóiam.

Renan pode voltar a ser "homem forte"

Caso José Sarney seja mesmo confirmado como presidente do Senado, outro senador volta com força ao comando da Casa. Renan Calheiros (PMDB-AL), que renunciou à presidência do Senado para não ser cassado, é apontado como a eminência parda por trás da candidatura de Sarney. Seu gabinete virou reduto de senadores interessados em manter comissões e cargos na mesa.

“Renan volta como rei ao Senado, como chefe absoluto em dupla com Sarney”, afirma o senador Pedro Simon (PMDB-RS). “Será um retorno triunfal, ele será o homem forte do Senado”, emenda o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Os dois afirmam não ter dúvidas de que, Sarney eleito, Renan reassume oficiosamente boa parte do comando da Casa.