“Viúvas” do PR querem cargos no Governo de Blairo Maggi
O coro de descontentes no Partido da República em Mato Grosso aumenta a cada dia e, pelo menos aparentemente, não provoca nenhuma preocupação na cúpula, a começar pelo principal líder da sigla, o governador Blairo Maggi. Motivo do descontentamento: a falta de espaços na máquina administrativa estadual para acomodar republicanos. Quando nada, a mera decisão do governador de não atender aos insistentes apelos dos seus companheiros de partido por cargos no Executivo. Ou, ainda, de contemplar apenas um pequeno grupo de privilegiados.
Em recente entrevista ao MidiaNews, o presidente do Diretório Regional do PR, Moisés Sachetti, confirmou a existência de “discussões internas”, patrocinadas por alguns deputados do próprio partido, assim como de legendas aliadas, sobre a falta de espaços no Governo. “A discussão por espaço no Governo não tem nada a ver com derrota nas eleições passadas", disse.
Em entrevista exclusiva ao site, durante visita a Várzea Grande, no dia 13 passado, Maggi assegurou que a sua estratégia político-eleitoral (ele deve ser candidato a senador em 2010) não contempla nenhum plano visando a “socorrer” os candidatos derrotados nas últimas eleições municipais.
Segundo o governador, nem mesmo os aliados que não conseguiram a reeleição para prefeituras serão contemplados com cargos. “Não tenho essa obrigação [de dar cargos]. Afinal, não teria lugar, no Palácio Paiaguás, para abrigar a todos”, declarou Maggi ao MidiaNews.
A afirmação do chefe do Palácio Paiaguás não se sustentou por mais de 24 horas. No dia 14, o meio político – exceto aquele ligado ao governador – foi surpreendido com a notícia de que o governador nomeara o ex-vereador Zé Márcio Guedes, um dos muitos republicanos rejeitados nas urnas em outubro de 2008, para ser o seu chefe de Gabinete. A alegação de Maggi é de que o ex-parlamentar de Rondonópolis é uma escolha pessoal, com o objetivo de dar “um perfil mais político e técnico”, considerando que o cargo era exercido, desde o seu primeiro mandato, por militares – major PM Eumar Novacki, hoje, chefe da Casa Civil, e tenente-coronel Alexander Maia, atual chefe da Casa Militar.
Conforme se apurou, Guedes foi uma indicação do ex-prefeito de Rondonópolis, Adilton Sachetti, que perdeu a eleição para Zé do Pátio (PMDB), mas, como compensação, ganhou a presidência do Diretório Municipal do PR. Sachetti não desistiu de buscar, com ações na Justiça Eleitoral, a cassação de Pátio. Enquanto isso, ele se dedica justamente a articulações visando à acomodação de republicanos derrotados no pleito passado e, até mesmo, de aliados que integraram o seu secretariado nos últimos quatro anos.
Com efeito, nos próximos dias, membros do Diretório Municipal do PR de Rondonópolis vão se reunir com Blairo Maggi. Capitaneados pelo vereador reeleito Ananias Filho, ex-presidente da Câmara Municipal, os republicanos já têm uma agenda previamente definida: de imediato, pedir cargos para o ex-vereador Valdir Clemente e para o ex-secretário de Saúde da gestão Adilton Sachetti, Fábio Cardoso. A escolha de Zé Márcio Guedes para a Chefia de Gabinete seria a senha para a Turma da Botina de Rondonópolis buscar a sua compensação. Ou exigir seus direitos.
No começo do mês, os comentários nos meios políticos eram de que o próprio ex-prefeito Sachetti estariam reivindicando um lugar no staff do padrinho político Maggi. O governador negou, mas, segundo fontes do MidiaNews, até a pasta já teria sido definida para o primeiro-amigo: a Secretaria de Meio Ambiente. Para evitar desgastes, muito mais do que o sofrido na eleição de 2008, quando foi rejeitado pela maioria dos eleitores, o ex-prefeito deve voltar às atividades na iniciativa privada, notadamente no agronegócio.
A vantagem dos integrantes da denominada “República de Rondonópolis”, fundada no primeiro mandato de Blairo Maggi, em função do maior número de políticos com influência direta no Executivo, é que o governador tem residência fixa na cidade, onde se localiza a sede do conglomerado financeiro de sua família. Ademais, ele acompanha de perto todas as decisões que o Diretório Municipal do PR toma. Sabe como ninguém o que os aliados privilegiados querem.
Comentários