Cadeiras e sofás vão custar R$ 2,49 milhões ao Senado
Na contramão das medidas de contenção exigidas pela crise financeira, o Senado vai gastar R$ 2,49 milhões para comprar 1.724 cadeiras e 62 sofás. A iniciativa surpreende porque o edital da compra só foi divulgado na quarta-feira (14), a 17 dias da troca da Mesa Diretora encarregada da administração da Casa. E sem que tenham sido alterados os comandos da primeira secretaria e da diretoria-geral, responsáveis pelos três contratos de terceirização suspeitos de superfaturamento que foram suspensos pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), após serem enquadrados pelo Ministério Público.
Segundo Agaciel, as cadeiras e sofás foram pedidos pelos gabinetes e pela TV Senado, sendo que a área encarregada de atendê-los decidiu fazer uma única compra para barateá-la. "Não foi uma decisão política, como essa, há uma continuidade de várias licitações, como é a assinatura de jornais, que independem da troca ou não da Mesa", alegou.
Envelopes da licitação serão abertos dia 3 de fevereiro, um dia depois de reiniciados os trabalhos da Casa. Os móveis terão de ser entregues no prazo máximo de 60 dias, a contar da data do contrato com o Senado. E as exigências são muitas. Os senadores, por exemplo, terão cadeira de couro preto, costura dupla, encosto alto, com base giratória que permite movimentos silenciosos e giros de 360 graus.
Para 85 cadeiras, exige-se que tenham "assento anatômico, estruturado em concha, fixação à base por estrutura de aço reforçada, regulagem de profundidade e encosto com espaldar alto, com apoio para cabeça, justaposto e de largura proporcional ao mesmo".
Para outras 61 cadeiras, o tecido terá de ser de fibra natural do tipo lã antialérgica ou algodão, sem botões, a cor preta sem botão e do fabricante Lady Revestimentos Especiais ou similar. As partes metálicas deverão ter pintura epóxi por processo de calor em estufa (eletrostático) na cor preta. Tantas especificações terminam alimentando a suspeita de se tratar de uma licitação dirigida. Agaciel nega. "Não há nenhuma maldade nessa compra"", afirma, sugerindo que as dúvidas sejam tratadas com o diretor da Subsecretaria de Controle de Qualidade e Especificações, Luciano Freitas de Oliveira. O diretor afirma que o prazo pode ser esticado.
Comentários