Bancada perde o poder ‘familiocrata’
Nenhum dos congressistas mato-grossenses elegeu parente em outubro, mas outros políticos mantiveram viva a chamada prática da ‘familiocracia’
A posse dos novos prefeitos, vices-prefeitos e vereadores deixa claro que nenhum integrante da bancada federal conseguiu eleger parente em Mato Grosso, nas eleições de outubro do ano passado. O resultado das urnas também sinaliza que a prática da ‘familiocracia’ perde força, embora a consanguinidade continue conquistando mandatos.
No passado, a ‘familiocracia’ deu as cartas na política mato-grossense, época em que se conquistava até mesmo o ‘voto-casal’: elegia-se marido e mulher para o Congresso. Jonas Pinheiro foi senador e sua mulher Celcita Pinheiro, deputada federal, ambos pelo PFL. Essa dobradinha se repetiu no PMDB com Carlos Bezerra, senador, e Teté Bezerra na Câmara.
Governador biônico, Garcia Neto nomeou o genro Rodrigues Palma prefeito de Cuiabá. Frederico Campos era sobrinho do comandante do 2º Exército, general Dilermando Gomes Monteiro, e ganhou do tio um mandato de governador na mais pura bionicidade.
Em outubro, a tradição familiocrata desmoronou para a bancada federal. À exceção dos senadores Serys Slhessarenko (PT) e Gilberto Goellner (DEM) e dos deputados Homero Pereira (PR), Carlos Abicalil (PT), Eliene Lima (PP) e Valtenir Pereira (PSB), os demais congressistas defenderam laços de família nas eleições.
Em Cáceres, o prefeito, irmão e correligionário do deputado Pedro Henry, Ricardo Henry (PP), foi o mais votado na disputa pela prefeitura, com 21.343 votos, batendo Túlio Fontes (DEM/20.821 votos), mas a Justiça Eleitoral cassou o registro de sua candidatura. Fontes é filho do ex-prefeito Antonio Fontes.
Dois irmãos do senador e ex-governador Jayme Campos (DEM) disputaram as eleições em seus municípios, também pelo DEM. Júlio Campos foi governador, senador e conselheiro do Tribunal de Contas (TCE); disputou a prefeitura de Várzea Grande, mas foi derrotado pelo prefeito Murilo Domingos (PR), por 72.519 votos contra 45.688. A candidata a vice de Júlio foi Mara Leite (PP), mulher do deputado estadual Maksuês Leite (PP). Em Jangada, o prefeito Benedito Paulo, o Dito Paulo, não se reelegeu: perdeu para o vice, Valdecir Kemer, o Gauchinho (PT). Dito Paulo recebeu 1.657 votos e Gauchinho 3.405. Em Cuiabá, a ex-vereadora Márcia Campos (DEM), irmã do senador, não tentou a reeleição. Márcia conquistou a suplência na Câmara em 2004, com 2.253 votos, e posteriormente assumiu uma cadeira. O deputado estadual Campos Neto (DEM) é primo dos irmãos Campos.
O deputado e presidente regional do PMDB, Carlos Bezerra, não conseguiu eleger o primo e correligionário Francisco Pedro Bezerra da Cruz, o Chico, prefeito de Juscimeira. Chico foi derrotado por Valdeci Colle, o Chiquinho do Posto (PR), por 4.399 votos a 2.300.
Em Rondonópolis, o filho do deputado Wellington Fagundes (PR), João Antônio, do mesmo partido, perdeu a eleição para vice-prefeito. João Antônio foi companheiro de chapa do prefeito Adilton Sachetti(PR).
O tucano Leonardo Oliveira tentou se eleger vereador em Cuiabá e não conseguiu: recebeu 2.351 votos. Leonardo é sobrinho do ex-governador Dante de Oliveira e da deputada Thelma de Oliveira (PSDB).
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