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Politica Brasil
Quarta - 26 de Novembro de 2008 às 11:40
Por: Valdemir Roberto

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Arapongagen, espionagem, escutas telefônicas, grampos. São itens indispensáveis em uma disputa eleitoral e fazem parte do jogo político de Mato Grosso. Pelo menos é o que revela o deputado estadual Wallace Guimarães (DEM), pivô de um escândalo durante a eleição municipal de 2008, em Várzea Grande. Quem assistiu ao vídeo em que o democrata aparece recebendo volumes de dinheiro, veiculado no programa eleitoral do então candidato a prefeito, Nico Baracat (PMDB), pode ter se surpreendido, mas aquela gravação não foi a primeira e nem será a última. Em entrevista ao programa Cidade Independente, na rádio Cidade, Wallace contou que a famosa “fita” usada no pleito de 2008 não foi a primeira em que ele foi “vítima”.

O democrata afirma que na eleição majoritária de 2004, quando brigavam pelo comando do “Palácio Paiaguás” o senador Antero Paes de Barros e o candidato a reeleição, o governador Blairo Maggi, outra armação foi feita contra ele. Wallace explica que foi gravado, mas uma vez sem ele saber, quando fazia várias críticas ao então governador. Essa gravação caiu nas mãos de Antero e do ex-governador Dante de Oliveira, mas não foi usada durante o processo eleitoral daquele ano.

Wallace revela a prática de arapongagen e até sinaliza para um possível chefe desse esquema ou adepto, se melhor preferir. O parlamentar disse durante a entrevista que o seu maior erro foi não ter cortado o mau pela raiz. O mau no caso é o também deputado estadual Maksuês Leite (PP). O democrata afirma que deveria ter processado o progressista já em 2004, quando Leite teria levado a fita com as declarações de Wallace contra Maggi até as mãos de Antero e companhia limitada. Na época, o apresentador de televisão era coordenador de campanha dos tucanos em Várzea Grande.

Sem ter onde se esconder após a divulgação da fita na eleição de 2008, Wallace confirmou que era ele sim quem aparecia ensacando dinheiro nas imagens. Mas não caiu sozinho, levou com ele Maksuês e o assessor Cláudio Moraes. Segundo o democrata, tudo não passou de uma armação do deputado do PP. Como já é de conhecimento de todos, Wallace jura que o dinheiro que aparece em suas mãos é fruto de uma dívida que Maksuês tinha com ele, cerca de R$ 30 mil. O deputado do DEM diz que naquela gravação estava apenas recebendo o pagamento e ainda afirmou que as outras duas pessoas que aparecem na imagem são o colega de Assembléia Legislativa e o seu respectivo assessor.

Guimarães informou que agora com a fita original em mãos já tomou as devidas providências e não vai cometer o mesmo erro. O democrata garantiu que não tinha as imagens originais, mas uma “alma bondosa o entregou” recentemente. “Não foi anônimo, foi um conhecido, mas não vou dizer quem é, a não ser que a justiça me exija”, disse.

Sobre a veiculação dessas imagens, o parlamentar acredita que existiu um grande acordo. Ele supõe que Júlio Campos e Nico sentaram a mesa e entraram em “acordo” para publicar. De certo mesmo é que essas imagens foram editadas longe daqui, na Bahia. A pessoa responsável pela edição ainda chegou a ser aconselhada por um marqueteiro daquela região a não publicar as imagens, mas o bom conselho não foi seguido. Walacce informou que entrou com uma ação civil contra Maksuês, mas não envolveu Júlio na parada, pois não tem a convicção de que ele realmente participou da armação. O democrata mostra certa mágoa co a imprensa, a qual ele julga ter o colocado na mesma vala de Leite. “Tenho 20 anos de profissão em Várzea Grande, quero preservar meu nome, essa história foi inventada”, diz. O deputado assinala que foi ingênuo, imaturo.

Júlio Campos, o grande derrotado, promete não dar sossego a Guimarães. Entrou com um processo de infidelidade partidária contra o correligionário, que apareceu no programa eleitoral de Murilo, o defendendo e reforçando que não apoiava o candidato da sua legenda. Outro dia Júlio o chamou de “picha de vendilhão, sugerindo que ele teria se vendido. Wallace rebate e afirma que a frase não cabe a ele. “Não subi no palanque de Júlio, mas nunca deixei meu partido, ajudei muito no interior. Sempre fui fiel ao DEM e também ao Jayme Campos”, enfatizou, complementando que “estão querendo arranjar um culpado pela derrota, mas se esquecem que a diferença foi por 28 mil votos”.

Em relação a possibilidade de sua esposa, Jaqueline Guimarães, que participou ativamente da campanha dos republicanos, assumir uma secretaria na gestão de Murilo, Wallace disse que a possibilidade existe, mas que está descartada a pasta de Saúde. Outra hipótese comentada nos bastidores, a de que o democrata estaria se debandando para o PSDB foi desmentida. “O que houve foi uma conversa informal com o prefeito Wilson Santos, durante uma partida de futebol, mas nada de concreto”, esclarece. Se não for expulso do DEM, o deputado não pode sair, se não perde o mandato, pois estaria entrando no quadro dos infiéis.





Fonte: 24 Horas News

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