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Politica Brasil
Quarta - 26 de Novembro de 2008 às 09:22
Por: Kleber Lima*

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A quebra de lógica nas disputas de reeleição em Mato Grosso esse ano está no fato, principalmente, de prefeitos mal-avaliados se reelegerem e prefeitos bem-avaliados não.

No caso de Barra do Garças, onde o prefeito Chaparral amargava uma reprovação retumbante, não houve novidade. Apesar de ter a máquina a seu favor, o desastre da sua administração tornou-a inútil. De certa forma, ainda foi bem aproveitada, uma vez que o atual prefeito conseguiu superar em alguns pontos os percentuais de votação em relação a 2004. Mas, com um candidato forte na oposição, caso de Wanderley Farias, aquela era uma eleição formal desde o início.

Chaparral não pode ser acusado de não se relacionar com o povo. Ao contrário, era e é bastante popular, mas da forma errada. Quando se diz que um prefeito não pode perder seus vínculos com a massa, não se diz que ele deve apenas ir a festas e velórios. Diz-se que ele deve fazer uma administração transparente e participativa, prestando contas à sociedade e chamando-a para ajudar a governar e a tomar decisões. Coisas que Chaparral, Ladeia, Murilo, Ricardo e Sachetti não fizeram. Isso foi comum a todos eles.

Que lições, afinal, ficam das disputas à reeleição em Mato Grosso esse ano? Precisamos aprofundar esse debate, criar memória e inteligência sobre esse fato. Após as eleições, vieram algumas pistas para se explicar um pouco o fenômeno. O deputado federal Pedro Henry foi o primeiro a dizer, em entrevista à imprensa, que a disputa pela reeleição do irmão Ricardo, em Cáceres, ensinara-lhe que não basta governar bem, mas é preciso também estreitar o contato com o povo. Isto porque Ricardo venceu Túlio Fontes por 522 votos, num universo de 43.556 válidos.

De Rondonópolis veio a mesma explicação, com outra formulação, para a derrota de Sachetti, que perdeu para Zé Carlos do Pátio por uma diferença de 4.800 votos, de um total de 98.750 nominais.

E o próprio Ladeia, também em entrevistas, afirmou que é preciso dar mais atenção ao povo, e não apenas governar.

Aqui incluo um ator novo: Wilson Santos, de Cuiabá. Numa entrevista ao vivo ao programa de tv do deputado Roberto França (Resumo do Dia) no dia da eleição do segundo turno, logo após suas reeleição matemática, Santos disse que mudará sua atitude. “Ficarei menos no gabinete e irei mais para a rua, para os bairros”.

O próprio Wilson sabe que não basta ter uma administração mais ou menos. Por ter uma avaliação regular, precisou de dois turnos para vencer adversários nem tão expressivos assim.

Já podemos começar a alinhavar algumas questões para se entender melhor esse fator reeleição:

1) O favoritismo da reeleição existe, mas não é absoluto.

2) O prefeito precisa estar com boa aprovação para buscar a reeleição, mas isso não se consegue apenas com uma boa gestão.

3) Nada substitui a política, por isso os gestores devem visar à eficácia, mas não podem perder a sensibilidade e o contato com a população.

4) Não se deve desprezar o marketing institucional, pois uma forma de se aproximar uma administração da sociedade, modernamente, é uma boa postura estratégica e um bom planejamento de comunicação.

5) O imponderável pode acontecer, afinal, fenômenos políticos ou sociais não se prevêem. Mas, não podemos fazer nenhum projeto político contando apenas com a sorte.

(*) KLEBER LIMA é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso. E-mail: kleberlima@terra.com.br.





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