Julier admite ser candidato a governador em 2010 e critica CNJ
O juiz Julier Sebastião da Silva, da Primeira Vara Federal, em entrevista concedida no programa Mais Opinião, da TV Mais (canal 17), confirmou ser candidato a governador em 2010 e que já foi convidado para se filiar em vários partidos. Além de assumir a condição de pré-candidato, o polêmico e controverso magistrado teceu duras críticas à atuação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
“É claro que até 2010, ainda há muita água para passar debaixo da ponte. Mas dentro de um conceito de que a política não deve ser reservada apenas aqueles que tenham ficha suja. É algo a se pensar e a possibilidade existe”, avalia Julier.
O magistrado acredita que como governador poderá dar sua contribuição para que o Estado dê um salto de qualidade na administração, na aplicação de recurso, na área social, moralidade no trato da coisa pública e, efetivamente, “colocar Mato Grosso como liderança no cunho nacional, com voz, vez e respeito dentro dos espaços políticos nacionais”.
Para concorrer ao cargo, Julier precisaria da desincompatibilização do cargo de juiz federal, mas garante que não tem problema com isso e apresenta os motivos pelo qual quer pleitear o cargo que será deixado pelo governador Blairo Maggi.
“Os espaços reservados à política devem ser preenchidos e ocupados por pessoas que considero sérias, posições adequadas as questões públicas, dentro dessas características acredito ter condições de fazer. Evidente, que isso dependeria não só de vontade pessoal, mas de uma série de fatores que por hora são imprevisíveis”, garante.
Julier defende que há espaço para novas lideranças no estado e que novas propostas sejam efetivadas. Para ele, Mato Grosso precisa dar um salto de qualidade. Só que ele sabe que para ser candidato será preciso a aglutinação política e a filiação partidária.
Segundo o juiz federal, a trajetória de vida dele é marcada pela luta pelos direitos humanos e o interesse público deve ser privilegiado. Questionado sobre qual matizes seguirá: esquerda ou direita, Julier admite já ter sido procurado por vários partidos e é enfático ao dizer: “se é de esquerda ou direita não sei, mas é a mais coerente para mim”.
Lista suja
Sobre a divulgação da lista suja, Julier afirmou “que a população tem uma percepção generalizada e equivocada de que todo político é vagabundo”. Segundo ele, isso privilegia aqueles que querem roubar e afastam pessoas sérias da vida pública. “Isso precisa ser revisto. A lista suja tem repercussão porque a grande maioria dos ocupantes de cargo políticos tem alguma pendência com a Justiça e daí vem a percepção generalizada de que o espaço público é reservado para pessoas desonesta”, relata.
Julier defende que seja mudada esta percepção da população e que mostrem às pessoas que a vida pública é para pessoas sérias.
CNJ
O juiz federal fez duras críticas ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ele reclamou da composição do conselho e principalmente de ter como presidente o próprio presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e ainda chamou o órgão de “monstrengo jurídico administrativo que acha que pode falar de decisão judicial, mas que ao mesmo tempo não exerce esses mesmo poderes correcionais”.
Julier explicou que o CNJ veio para atender uma reivindicação antiga da população e de alguns juízes e deveria ser formado por membro de fora do judiciário.
“O grande problema é que o CNJ não fiscaliza o Supremo, ou seja, na verdade é um órgão administrativo que acaba sendo um órgão da cúpula do judiciário sobre as instâncias ordinárias do judiciário. Aquilo que se pensou no começo que era justamente fazer o controle externo do judiciário, não existe”, relata.
Julier explicou ainda que o CNJ não pode apreciar representação contra ministros do supremo. Segundo ele, se continuar desta forma, em dois anos o conselho estará totalmente desmoralizado e mais conflitos entre ministros e juízes das instâncias ordinárias da justiça continuarão a ocorrer. “Isso porque existe uma constituição que diz que juiz não tem chefe. Juiz é um agente político e, portanto ele não tem chefe. Não tem como você criar um órgão eminentemente de organização de controle externo do judiciário”, afirma.
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