MPE e PF investiga Ricardo Henry por compra de votos
O Ministério Público Eleitoral e a Polícia Federal estão investigando o prefeito reeleito de Cáceres, Ricardo Henry (PP), por compra de votos nas eleições deste ano. Moradores do município denunciaram que foram contratados para trabalhar como cabo eleitoral para Henry, mas que na verdade as contratações eram para compra de votos.
A eleição em Cáceres foi vencida pelo prefeito Ricardo Henry por apenas 522 votos sobre o ex-prefeito de Cáceres, Túlio Fontes (DEM). Túlio liderou todas as pesquisas eleitorais até o dia das eleições, 05 de outubro, com vantagem de 15 a 20 pontos sobre o adversário, o prefeito Ricardo Henry. No entanto Henry venceu o pleito por uma diferença de 522.
A Polícia Federal abriu inquérito para apurar as denúncias. Além da falsa contratação dos cabos eleitorais, o senhor Carlos Alberto da Silva Bretas denunciou que recebeu material de construção em troca do voto. Carlos Alberto também recebeu R$ 50 mil reais para não denunciar a tentativa de compra dos votos. O dinheiro teria sido pago por assessores de Ricardo Henry, entre eles o advogado do prefeito, Plínio Samaclay.
Todos os documentos que embasam a investigação do MP Eleitoral e da Polícia Federal foram apresentados, nesta terça-feira (14/10), pelo ex-prefeito de Cáceres e candidato Túlio Fontes e pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), Francisco Faiad. Também compareceram a entrevista coletiva o coordenador do Movimento do Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), Antonio Cavalcanti Filho, o Ceará, e o presidente estadual do DEM, Oscar Ribeiro.
Foram apresentadas provas documentais e testemunhais da fraude eleitoral em Cáceres. Depoimentos de pessoas que atuaram como cabos eleitorais e cópias de depósitos bancários, entre outras evidências. “As provas mostram que houve abuso de poder econômico nas eleições em Cáceres, pratica por quem já tem experiência nisto. Pedro Henry, irmão de Ricardo Henry, já foi cassado por compra de voto”, declarou Túlio Fontes.
Para Fontes, quem pratica a compra de votos na cidade tem a certeza da impunidade. “São acontecimentos que já ocorreram no passado e voltaram a acontecer este ano, pela certeza da impunidade”.
OAB pede celeridade ao MP Eleitoral
“Estou encaminhando ainda hoje todos estes documentos ao Tribunal Regional Eleitoral (TER) e vou falar com o MP Eleitoral para pedir rapidez na tramitação deste processo, para que ele seja julgado antes da diplomação do candidato que comprou os votos”, declarou o presidente da OAB, Francisco Faiad.
Faiad disse ainda que a sociedade não pode mais admitir crimes assim. “O que nós mais queremos são eleições limpas, democráticas. Eleições onde a força do poder econômico não influência a decisão do eleitor e o resultado do pleito”.
Pedido de cassação de registro de Henry
Além da denúncia de compra de voto, o Ministério Público Eleitoral já tem três pedidos de cassação do registro de candidatura de Ricardo Henry. Um pelo utilização de recursos públicos em benefício de sua candidatura, outro pelo uso do site institucional da prefeitura para propaganda eleitoral e outro pela contratação irregular de 684 pessoas feita pela prefeitura de Cáceres no período eleitoral.
Durante a coletiva, Túlio Fontes lembrou ainda que a população de Cáceres nem mesmo tem direito a receber informações sobre o que acontece na cidade, devido ao monopólio de comunicação que o irmão do prefeito Ricardo, o deputado federal Pedro Henry (PP) mantêm em Cáceres. Pedro Henry é dono de duas emissoras de televisão e mais uma rádio.
Recentemente, o Ministério Público Federal que investiga o monopólio de Pedro Henry, pediu a suspensão de uma das emissoras, a TV Pantanal (Record) que não transmite mais programação local em Cáceres. “Por isso fizemos um entrevista coletiva aqui em Cuiabá. Porque em Cáceres, os irmãos Henry dominam até mesmo os meios de comunicação”.
Túlio finalizou a entrevista dizendo que não há problemas em perder uma eleição, mas desde que seja da forma correta e justa. “Quero ver a cidade onde nasci prosperar. Não quero mais que minha cidade continue como curral eleitoral”.
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