Nepotismo cruzado; sobrinha de Jaime no gabinete de Goellner

Tradicionalmente o nepotismo está impregnado em todos os poderes da democracia brasileira. Seja no executivo, legislativo ou judiciário, existe sempre um parente não concursado que ocupa um bom cargo. Os defensores dessa prática até admitem essa atividade alegando que precisam trabalhar com pessoas de sua integral confiança e por isso contratam suas esposas, filhos, primos, irmãos e por ai vai.

Para inibir essa constante, em uma decisão histórica, o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou em agosto deste ano, a súmula 13, que proíbe o nepotismo nos três Poderes da União, Estados e municípios até o parentesco de terceiro grau e ainda veda o chamado nepotismo cruzado, em que existe uma grande troca de favores.

O senador Jaime Campos (DEM) seguiu a orientação da súmula 13 e foi um dos primeiros parlamentares a demitir parentes no senado. Jaime demitiu sua sobrinha, Silvia Renata Pinto de Campos, assistente parlamentar de seu gabinete. Entretanto, o senador mato-grossense, também do DEM, Gilberto Goellner, que assumiu a vaga aberta com o falecimento de Jonas Pinheiro, contrata outra pessoas da família Campos. Desde 2001, o gabinete que hoje é ocupado por Goellner, paga pelos serviços de outra sobrinha de Jaime Campos.

A assessoria de Gilberto garante que a prática não pode ser considerada como nepotismo cruzado, pois a contratação foi feita antes da posse do senador Campos. Mas a desculpa não vem sendo assimilada pelo presidente da casa, o senador Garibaldi Alves (PMDB) que encaminhou ofício a todos os parlamentares para demitirem os parentes e ainda espera uma solução para o impasse.

Em Mato Grosso, os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) demitiram 21 pessoas, inclusive quatro parentes de primeiro grau do presidente Antônio Joaquim. O conselheiro nunca escondeu que mantinha parentes lotados no seu gabinete e sempre disse que a discussão sobre o nepotismo é uma hipocrisia, mas se enquadrou conforme a súmula do STF.