Prefeitos presos ou afastados conseguem novo mandato
Pelo menos 14 prefeitos presos pela Polícia Federal e outros 20 afastados pela Justiça Eleitoral nos últimos quatro anos se elegeram para um novo mandato nas eleições municipais do último domingo (5).
Desde 2005, a PF prendeu 47 prefeitos em operações que tiveram repercussão nacional, como a Rapina e a Pasárgada, contra desvios de recursos. Desses, 28 tentaram se reeleger e metade conseguiu --todos no Nordeste ou em Minas.
Cerca de 250 prefeitos foram obrigados a sair de seus cargos nos últimos quatro anos, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Dentre eles, 20 garantiram novo mandato no fim de semana passado. O número pode ser superior, já que o TSE não divulgou o nome de 90 cidades com prefeitos cassados desde 2004.
Entre os prefeitos afastados, os principais motivos são abuso de poder econômico e compra de votos. Há casos também de corrupção e improbidade administrativa. Parte deles dependeu de liminares para ficar no cargo. Outros recorreram e recuperaram os mandatos.
Há afastados eleitos em todas as regiões do país --o Estado com mais casos é o Rio Grande do Norte, com seis. Nenhuma das cidades tem mais de 200 mil eleitores.
Antes das eleições, a Associação dos Magistrados do Brasil defendeu a impugnação de candidaturas de políticos com "ficha suja", como réus por desvio de verbas. Também chegou a divulgar uma lista de candidatos que respondem a processos nas maiores cidades.
A operação da PF com mais presos "absolvidos" nas urnas foi a Gabiru, contra desvios de recursos da merenda escolar em Alagoas. Em 2005, oito prefeitos foram detidos. Sete deles eram candidatos e quatro conseguiram reeleição. Eles respondem a processo criminal no TRF (Tribunal Regional Federal) da 5ª Região.
A maioria dos prefeitos presos pela Polícia Federal foi solta poucos dias depois da prisão.
Antes da eleição, Suely Assis, chefe de gabinete da Prefeitura de Ervália (MG), disse que a prisão do prefeito Edson Rezende (DEM) deu "força à campanha" porque revoltou a população. Alvo em abril deste ano da Operação Pasárgada, contra irregularidades no Fundo de Participação dos Municípios, ele obteve novo mandato e nega culpa.
Também conseguiu se reeleger o prefeito de Manari (PE), cidade com o pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país. Detido dois anos atrás na Operação Alcaides, Otaviano Martins (PMDB) não foi encontrado para comentar o caso.
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