Congresso poupa bandido rico, aponta pesquisa
A legislatura que entrou para a história como a que envolveu o maior número de parlamentares em escândalos, entre 2003 e 2007, também é autora de outra proeza até hoje pouco conhecida. Como se não bastasse o envolvimento direto com o mensalão e a máfia das ambulâncias, deputados e senadores apresentaram apenas dois projetos contra crimes do colarinho branco ou de combate à corrupção durante os quatro anos da legislatura passada.
Esse descaso em relação aos crimes que envolvem, em geral, criminosos de grande poder aquisitivo contrasta com o elevado número de iniciativas apresentadas que pretendiam endurecer as penas previstas para os demais crimes. Das 646 propostas relacionadas ao combate à criminalidade, naquele período, 626 tinham o objetivo de agravar penas e regimes de reclusão, endurecendo a legislação penal.
O levantamento faz parte do livro "Quem mandamos para a prisão – Visões do Parlamento Brasileiro sobre a Criminalidade", que será lançado no dia 15 de outubro em Brasília, pela socióloga Laura Frade.
Base de sua tese de doutorado em Sociologia na Universidade de Brasília (UnB), o estudo também revela como os congressistas vêem os criminosos. “O outro”, “pouco instruído” e “doente” foram os principais adjetivos utilizados por deputados e senadores, em entrevistas colhidas pela pesquisadora, para qualificar os criminosos.
Comentários