Candidatos usam Bolsa Família em troca de votos no Nordeste
Principal programa social do país, o Bolsa Família tem sido utilizado nesta campanha municipal como uma nova modalidade de cabresto eleitoral, informa nesta quarta-feira reportagem de Eduardo Scolese, publicada pela Folha.
Candidatos a prefeito e a vereador usam o programa federal de transferência de renda tanto para agradar o eleitor, oferecendo a ele um cartão de beneficiário em troca do voto, como para ameaçá-lo caso vote em algum candidato da oposição.
Nas últimas três semanas, a Folha encontrou casos de uso eleitoral do programa no interior de Ceará e Piauí e ouviu denúncias informais em Paraíba, Bahia e Rio Grande do Norte. Promotores dizem que o principal obstáculo à fiscalização é o medo dos eleitores de serem perseguidos após a denúncia.
As eleições deste ano são, na prática, a primeira grande experiência municipal do uso do Bolsa Família para arregimentar votos. Neste ano, o governo reajustou em 8% o valor do benefício, anunciou um programa de qualificação de profissionais específico aos beneficiários e estendeu o benefício a jovens de 16 e 17 anos --iniciativas tidas como eleitoreiras pela oposição.
Outro lado
Segundo a secretária de Renda da Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social, Rosani Cunha, se as famílias souberem que a concessão do benefício é feita pelo governo federal, ficam menos expostas a ameaças nas eleições.
Cunha afirmou ainda que o programa não é "infalível", mas que os mecanismos de controle estão muito mais apurados.
Comentários