2 ex-governadores buscam cadeira de prefeito
Eles já foram governadores, senadores, deputados. Hoje, são candidatos à prefeitura de cidades do interior de seus estados de origem: nesta eleição, há políticos que, após ocuparem altos cargos de poder no país, decidiram recuar e concorrer ao cargo de prefeito. É o caso do ex-governador de Mato Grosso, Júlio Campos (DEM), que disputa a prefeitura de Várzea Grande, e do ex-governador de Goiás, Maguito Vilela (PMDB), que tenta ser prefeito de Aparecida de Goiânia.
Campos nasceu em Várzea Grande e começou a carreira política na prefeitura da cidade, em 1973. Depois disso, virou deputado federal, governador de Mato Grosso, senador e consultor do Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso (TCE-MT). Então, por que voltar? “É o reinício”, diz.
Segundo ele, esse retorno ao início de sua carreira é uma questão ideológica. “É como se eu tivesse sido convocado”, afirma. Mas o ex-governador diz também que Várzea Grande guarda outros atrativos. “Tenho interesses econômicos aqui”, diz.
Ele afirma que não se interessa, no momento, em voltar ao governo do estado ou ao Legislativo. “Estou numa fase mais tranqüila.”
Várzea Grande tem 230.307 habitantes e 160.505 eleitores. Além, de Campos, que concorre pela coligação "Muito Mais Várzea Grande" (DEM/ PP/ PTC/ PSC/ PSL/ PSDC/ PDT/ PV/ PRP/ PRB/ PRTB/ PTB/ PTN), também estão na disputa Ernandy de Arruda (PMDB), da coligação "Mudança, Acredite! Nós Faremos" (PC do B/ PSDB/ PMDB/ PT do B/ PT), Murilo Domingos (PR), da coligação "Pra Frente Várzea Grande" (PR/ PHS/ PMN/ PPS/ PSB)
'Por um ideal'
Maguito Vilela já foi deputado federal, governador do estado de Goiás, presidente nacional do PMDB e vice-presidente da Área de Governo do Banco do Brasil. Hoje, quer ser prefeito de Aparecida de Goiânia (GO) pelo PMDB. A cidade, vizinha da capital do estado, tem 475.303 habitantes e 232.439 eleitores.
“É mais por um ideal. Aparecida de Goiânia é uma cidade muito sofrida, com apenas 15% de rede de esgoto. É uma cidade com a qual eu convivi por mais de 30 anos”, afirma. Vilela é natural de Jataí (GO), mas disse que não pretende ser prefeito de sua cidade natal. “Na minha cidade tem tudo", diz.
Vilela afirma que já cumpriu seu dever nas outras esferas políticas. “Já fui governador, senador, mas nunca fui prefeito. A prefeitura de Aparecida para mim é um desafio, um ideal. Além disso, nas últimas eleições a governador, me candidatei e perdi.”
Em Aparecida de Goiânia, também concorrem ao cargo de prefeito os candidatos Hélio Moreira (PSOL), da coligação "Terceira Via para Cidadania" (PCB/ PSOL) e Marlúcio Pereira (PTB), da coligação "Aparecida, Nossa Gente e Nossa Força" (PTB/ PR/ PSDB/ PT/ PRTB/ PTN/ PSDC/ PRB/ PSB/ PRP/ PSL). Maguito concorre pela coligação "Aparecida Aliança para Mudar 2" (PC do B/ PDT/ PMN/ PTC/ PMDB/ DEM/ PV/ PT do B/ PSC/ PP/ PHS/ PPS).
Saída de cena
O cientista político Lúcio Rennó, da Universidade de Brasília (UnB), avalia que os casos de Maguito Vilela e Júlio Campos podem caracterizar um processo de saída da cena política. “Talvez isso signifique uma busca pela segurança de se manter ativo na política”, afirma.
Ele explica que o principal critério para um político pleitear um cargo é a probabilidade de sucesso eleitoral. Contudo, no caso de cidades de maior porte, o acesso a maiores recursos também pode ser um atrativo.
“Em geral, quando um político tem uma carreira ascendente, ele se candidata a cargos maiores à medida que seu capital político (seus eleitores) cresce. Mas em eleições municipais, cerca de 20% dos deputados federais concorrem para prefeito. Isso porque essas eleições acontecem no meio do mandato de deputados, governadores ou senadores. Assim, eles podem concorrer à prefeitura sem perderem seus cargos.”
Comentários