Wallace cola em Murilo e rompe com os Campos

O "efeito Murilo" levou o deputado Wallace Guimarães a romper de vez com os irmãos Júlio e Jaime Campos, caciques do DEM (ex-PFL). Após reagir num duro pronunciamento da tribuna da Assembléia, nesta terça à noite, um dia após a coligação da candidatura de Júlio a prefeito de Várzea Grande levar ao ar uma gravação bombástica feita por Wallace em 2004, em que acusa o prefeito Murilo Domingos de pedofilia, o parlamentar decidiu entregar a liderança do DEM na Assembléia.

A bancada é composta por quatro deputados: Gilmar Fabris, que retorna de licença nesta quarta somente para fazer discurso sobre o processo eleitoral em Várzea Grande, José Domingos, Dilceu Dal Bosco e o próprio Wallace. O próximo passo agora de Wallace é criar ambiente favorável para deixar o DEM. Não é de hoje que ele se diz preterido pelos Campos.

Em 2004, entrou na disputa para prefeito a 30 dias das eleições, em substituição a Campos Neto, que havia "jogado a toalha". Acabou não tendo o respaldo do então prefeito Jayme Campos na reta final. Perdeu por 588 votos. Para o pleito deste ano, Wallace lançou a pré-campanha à sucessão municipal após ouvir do próprio Júlio de que este não anteciparia a aposentadoria de conselheiro do Tribunal de Contas para ser candidato. Às vésperas das convenções, Júlio fez o contrário. Deixou o TCE, "patrolou" Wallace e é hoje o candidato do DEM à corrida ao Paço Couto Magalhães.

Wallace já assumiu publicamente que não apóia Júlio. Aproveitou a amizade com o empresário Tião da Zaeli (PR), vice da chapa de Murilo, e embarcou no projeto de reeleição do prefeito. O deputado só não oficializou sua saída do DEM temendo complicações, como uma eventual perda da cadeira de parlamentar por infidelidade partidária, já que a nova regra do TSE estabelece que o mandato pertence ao partido, portanto, quem o deixá-lo sem justa causa fica sem o cargo.

Nesse briga Wallace-Campos em plena reta final de campanha, quem leva o bônus é o prefeito Murilo. Enquanto o DEM mergulha em nova crise, ele assume a liderança nas pesquisas de intenção de voto. Uma derrota dos Campos trará reflexos futuros. Deixa fragilizado, por exemplo, o projeto do irmão Jayme em concorrer ao governo do Estado em 2010.