Estudo liga violência de furacões a aquecimento global
As tempestades tropicais mais violentas estão aumentando de número e intensidade na medida em que os oceanos se tornam mais quentes, confirmaram cientistas americanos.
O aumento de 1ºC da temperatura da superfície oceânica aumentaria a ocorrência de tempestades violentas em cerca de um terço, calculam os pesquisadores.
Em estudo publicado na revista Nature, foram analisados dados obtidos por satélite nos últimos 25 anos (de 1981 a 2006).
"Nós estamos vendo um sinal, e ele está nos dizendo que o efeito mais forte (do aumento das temperaturas nos oceanos) é sobre as tempestades mais violentas", afirmou James Elsner, da Universidade Estadual da Flórida, em Tallahassee, em entrevista à BBC News.
Elsner acredita que a ligação entre aquecimento global e tormentas pode se tornar mais clara se for analisada a velocidade dos ventos.
Segundo Elsner, essa tendência não é vista em tormentas com ventos de velocidade considerada moderada, de 40 metros por segundo, mas sim quando eles atingem os 50 ou 60 metros por segundo.
Um furacão com ventos de 40 metros por segundo é considerado Categoria-Um, de acordo com a escala Saffir-Simpson, usada com freqüência.
Aos 60 metros por segundo, passa a Categoria-Quatro, a força com que o furacão Gustav atingiu recentemente Cuba, antes de baixar para Categoria-Um na costa americana.
Diferença nos oceanos
Boa parte dos trabalhos científicos sobre a possível ligação entre mudança climática e furacões se concentra no Atlântico Norte porque há registros históricos relativamente bons nos Estados Unidos.
A nova análise, usando informações obtidas por satélite por programas americanos, europeus e japoneses mostram tendências diferentes nos trópicos.
O aumento das fortes tempestades é demonstrado mais notadamente no Atlântico Norte e no Oceano Índico, mas está ausente no Pacífico Sul.
"Nós estamos observando diferentes oceanos, e alguns já estão bem aquecidos", disse Elsner, ressalvando que a variação de temperatura no Pacífico Sul foi pequena.
Os autores do estudo afirmam que seus cálculos não levaram em conta o impacto de fenômenos climáticos como El Niño, e destacaram que seu trabalho mantém alguns fatores de incerteza.
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