Rússia diz ter concluído retirada da Geórgia
A Rússia afirmou nesta sexta-feira que retirou todas suas forças da Geórgia, em cumprimento aos termos do cessar-fogo que assinou na semana passada.
Mas Moscou diz que deixará 2,5 mil soldados que, segundo a interpretação russa, atuarão como tropas de paz em "zonas de distensão", com postos de controle, em torno das regiões separatistas de Ossétia do Sul e Abecásia.
A Geórgia afirma que não aceitará o que entende por "anexação" de seu território por parte da Rússia.
O governo americano, por sua vez, também entendeu a permanência russa como uma violação do acordo de paz mediado pela União Européia.
"(Os russos) sem dúvida falharam com as suas obrigações. Estabelecer postos de controle, zonas de segurança definitivamente não são parte do acordo", disse um comunicado da Casa Branca.
O analista da BBC Jonathan Marcus disse que os termos excessivamente vagos do cessar-fogo, que fala apenas da necessidade de "medidas de segurança adicionais" nas proximidades imediatas da Ossétia do Sul, deixaram muita margem a interpretações.
Enquanto a Geórgia insiste que as tropas russas devem deixar o seu território, os russos alegam que a situação permanece instável e acusam a Geórgia de planejar mais operações militares.
Diplomacia
No campo diplomático, o Conselho de Segurança da ONU está em um impasse em relação à situação na Geórgia, com os Estados Unidos e a Rússia se enfrentando na rejeição de propostas de resoluções sobre a crise.
O governo americano diz que está preparado para vetar uma resolução que busque implementar o plano de cessar-fogo de modo a favorecer de forma desigual os interesses russos.
Já a Rússia confirmou sua oposição a um texto de resolução preparado pela França pedindo a retirada imediata das tropas russas do território georgiano e reafirmando a integridade territorial da Geórgia.
''Anexação''
A ''zona de distensão'' na qual a Rússia pretende manter tropas se estende por 7 km além da fronteira da Ossétia do Sul para dentro da Geórgia - o que o governo georgiano considera inaceitável.
Em uma entrevista à BBC, o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, disse que o envolvimento russo na Ossétia do Sul, Abecásia e Geórgia é um duro recado aos países do ocidente e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
"A Rússia decidiu vencer uma guerra contra a Otan sem dispara um só tiro", afirmou Saakashvili. "Se a Otan não responder de maneira unida, ninguém estará seguro, mesmo que já faça parte da Otan."
Saakashvili disse que seu país não irá aceitar o que chamou de "anexação" de seu território pela Rússia. Entretanto, frisou que o conflito "não é mais uma questão apenas georgiana."
"Trata-se reconsiderar o papel da Otan, o papel das leis e das fronteiras internacionais nesta parte do mundo", ele afirmou.
O ministério da Defesa russo decidiu suspender toda cooperação militar com a aliança, depois que o bloco resolveu esfriar suas relações com Moscou, há dois dias.
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