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Meio Ambiente
Segunda - 30 de Junho de 2008 às 13:52
Por: Fernando Dantas

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De madeireiro a plantador de mudas de espécies nativas, a trajetória de Jaldes Langer é um exemplo de como a pressão ambientalista já produz os primeiros resultados no Médio Norte de Mato Grosso. Gaúcho de Santa Rosa, 39 anos, de família de origem alemã, ele veio para Mato Grosso em 1984, com os pais e os irmãos. Depois de experiências frustradas com arroz e leite, a família voltou-se à atividade madeireira, e montou uma serraria em 1987.

Em 1993, Langer descobriu o potencial do negócio de mudas, tanto de eucalipto e de teca, para madeira e biomassa, quanto de árvores nativas, para reflorestamento. Hoje, ele está à frente da Flora Sinop, nos arredores da cidade de mesmo nome (que curiosamente vem da sigla de Sociedade Imobiliária Norte do Paraná), um negócio que cresceu 20% ao ano, mas agora, de 2007 para 2008, deve dar um salto 200%, de 200 mil para 600 mil mudas por mês.

O cerco dos defensores do meio ambiente aos produtores rurais do Médio Norte explica em boa medida o sucesso da Flora Sinop, ao fazer explodir a demanda por espécies nativas para reflorestamento, e por matéria-prima legal para madeira e biomassa. A região está na alça de mira dos defensores da Amazônia, mas não tanto pelo que ocorre no presente ou pode vir a ocorrer no futuro, uma vez que se trata na maior parte de área já "aberta", jargão local que eufemisticamente quer dizer "desmatada".

O problema é o passivo ambiental, isto é, as áreas desmatadas que não se encaixam na legislação atual, como a faixa na beira dos rios, onde tem de haver matas ciliares, e determinados porcentuais das fazendas. Os fazendeiros do Médio Norte se defendem dizendo que as regras foram mudadas no meio do jogo, e há pouco mais de duas décadas, quando vieram do Sul, a legislação estimulava a "abertura" das áreas que hoje compõem o passivo ambiental.

De qualquer forma, na região, onde a posse de terra está bem regularizada, tornando difícil evadir a vigilância das ONGs e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a palavra de ordem parece ser a de adaptação gradual. "A pressão só deixa Mato Grosso mais forte, porque aqui é uma terra de empreendedores e, se surge um novo desafio, a gente faz o que é preciso", diz Langer.

Na realidade, já há um embrião de competição entre municípios e fazendeiros para ver quem se adapta melhor e mais rápido ao figurino ecologicamente correto. Lucas do Rio Verde, por exemplo, quer se tornar o primeiro município do País a se enquadrar nas regras sobre preservação de florestas. Para isso, mapeou com fotos de satélite todas as suas propriedades.

Em Sorriso, o produtor Darcy Ferrarin replantou mais de 400 hectares da fazenda Santa Maria da Amazônia com 280 mil mudas nativas de espécies como ipês, angelim-rosa, itaúba, jatobá e jenipapo. A fazenda de soja, milho e pecuária, cortada por mais de 20 quilômetros pelo majestoso Rio Teles Pires, é hábitat de antas, capivaras, onças, emas, porcos do mato, sucuris, araras e muitos outros animais, em mais de 5 mil hectares de floresta, de um total de 13,3 mil da propriedade.

POPULAÇÃO

Se os gaúchos são os grandes capitalistas no Médio Norte do Matogrosso, os nordestinos, com destaque para os maranhenses, formam boa parte da classe trabalhadora. Na unidade agroindustrial da Sadia em Lucas do Rio Verde - com partes ainda em construção -, 90% dos contratados para as obras e para a operação do que já está pronto vem do Nordeste, segundo o gerente do projeto, Nadir José Cervellin. A unidade terá 4,5 mil funcionários diretos até o fim de 2009, quando estiver em plena operação.





Fonte: O Estado de S. Paulo

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