Viagra na lista para doping no esporte
Don Catlin, coordenador do Laboratório Antidoping da Ucla (Universidade da Califórnia), comenta a presença cada vez maior do remédio entre os atletas.
- Cada vez que há a apreensão de drogas proibidas (no esporte), pode ter certeza de que também é encontrado Viagra - afirma Catlin, responsável por revelar a existência do THG, esteróide anabólico criado para fraudar testes e, conseqüentemente, pela maior crise da história do atletismo americano.
Segundo Victor Conte, dono da Balco, laboratório que produzia o THG, o uso do Viagra já é amplamente propagado nos Estados Unidos.
- Todos meus atletas tomaram, é melhor que a creatina - afirma Conte, em declarações ao jornal "Folha de São Paulo".
O ex-nadador Gustavo Borges, quatro vezes medalhista olímpico e recordista brasileiro de medalhas pan-americanas (19) e em Copas do Mundo (31), se disse surpreso com a novidade.
- São 10.000 pessoas competindo nas Olimpíadas, pode ser que algumas estejam usando. É a primeira vez que ouço falar sobre isso, não sei qual é o prazo para a substância (sildenafil, princípio ativo do Viagra), sair do organismo. Mas se tem um princípio ativo que beneficia na performance, precisa ser regulamentado - afirma Gustavo Borges depois de um sorriso ao saber da notícia.
A Wada (Agência Mundial Antidoping) financiou uma pesquisa, que inicialmente indica que o Viagra realmente alivia sintomas respiratórios em ambientes poluídos, exatamente a situação a ser encontrada nas Olimpíadas de Pequim. Como ainda não há definição de o remédio ser uma substância ilícita, e qualquer proibição só passa a valer em 2009, há a possibilidade de ele ser amplamente usado na competição.
Em maio passado durante o Giro da Itália, o ciclista Andrea Moretta foi suspenso de sua equipe após seu pai ser pego com 82 comprimidos de Viagra. Em 2006, nas Olimpíadas de Inverno de Turim, alpinistas que escalaram o Everest, usaram a droga, segundo Alexandre Veli Nunes, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e membro da equipe do controle de doping.
Empresa responsável não acredita nos benefícios
A Pfizer, empresa responsável pela produção do remédio, não acredita nos benefícios para pessoas saudáveis. O diretor médico da companhia no Brasil, João Fittipaldi, fala sobre o que pensa da situação:
- Não temos informações de uso recreacional do produto. Nem de que ele melhore a performance esportiva. Não acho que seja uma informação real - opina Fittipaldi.
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