Em grupos, magistrados partem para acusações
A troca de acusações mútuas entre alguns juízes e desembargadores já começa a corroer a estrutura de Poder do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. No ambiente onde poderia haver harmonia, transparência, serenidade e equilíbrio na missão de resolver os conflitos que surgem na sociedade, hoje é marcado pela tensão, ameaças e jogadas conspiratórios.
Com 30 desembargadores, a cúpula do Judiciário estadual passou a se dividir em grupos. De um lado, aparece o presidente e o corregedor-geral de Justiça, desembargadores Paulo Lessa e Orlando Perri, respectivamente. De outro, o grupo de magistrados liderados pelo ex-presidente, desembargador José Ferreira Leite, e pelo presidente da Associação Mato-Grossense dos Magistrados (Amam-MT), Antônio Horário da Silva Neto. Com estes dois últimos se juntaram os juizes Marcelo Souza de Barros, Irênio Lima Fernandes e Marcos Aurélio dos Reis, filho de Ferreira Leite.
A briga começou quando, entre tantas outras situações de confrontos, o grupo de Lessa torna público a decisão de suspender um acordo de 2003, selado entre o governo do Estado e o então presidente do TJ, Ferreira Leite, prevendo uma participação de 20% para o Judiciário sobre "o valor total das execuções efetivamente convertidas em receita aos cofres públicos. Assim, de cada R$ 100 que o governo de MT arrecadou nos últimos 2 anos em ações judiciais para a cobrança de tributos, R$ 20 foram para os cofres da própria Justiça.
Na bronca, Ferreira e os 4 juízes revidaram. Acusaram Perri de falsificar documento para aumentar a idade em um ano (de 24 para 25 anos) e, assim, ganhar legitimidade para fazer concurso público para juiz. "Detonaram" também Lessa por supostos atos de improbidade.
O corregedor Perri denuncia Ferreira e os 4 juízes por supostos atos de improbidade, a partir do resultado de uma auditoria. Eles teriam recebido vantagens salariais irregulares e usaram o recurso público para socorrer a loja maçônica Grande Oriente do Estado, da qual Ferreira Leite era o grão-mestre e presidia o TJ à época. Em um novo capítulo na novela "A Guerra no Tribunal", Ferreira Leite e os 4 juízes denunciam que a tal auditoria feita pela Mesa Diretora sob Lessa e Perri partiu de uma empresa fantasma, que recebeu R$ 335 mil.
Lessa e Perri reagem e disponibilizam documentos que apontam envolvimento em fraudes de 4 servidores, um deles ligado a Marcelo de Barros, um dos 4 juízes denunciados. Em novo confronto, o grupo de Ferreira Leite torna público pagamentos de extras (direitos adquiridos) supostamente de forma privilegiada a servidores e magistrados com ligação com a atual Mesa Diretora. E, assim, caminha o TJ, protagonista de uma novela que está longe de acabar.
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