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Nacional
Sexta - 06 de Junho de 2008 às 10:22

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu ontem indicar o ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara (PR) para substituir o peemedebista Maguito Vilela na vice-presidência de Governo do Banco do Brasil.

A indicação foi recebida com mal-estar pelo corpo técnico do banco. O BB cobra cerca de R$ 8 milhões de uma empresa da qual o deputado federal Léo Alcântara (PR-CE), filho de Lúcio, é sócio.

O deputado contesta a cobrança e diz já ter obtido duas vitórias na Justiça contra o BB.

Lula se sentia em dívida política com Lúcio. No primeiro mandato do petista, Lúcio se aproximou de Lula quando era filiado ao PSDB, partido que faz oposição ao governo federal. No segundo mandato, Lúcio foi cotado para diversas vagas no segundo escalão. O PR cobrava fortemente a sua indicação para o banco.

O presidente contrariou a cúpula do PMDB, que tentava emplacar o substituto de Maguito Vilela, ex-senador e ex-governador que sai do cargo para disputar as eleições em Aparecida de Goiânia (GO). A vice-presidência de Governo é muito cobiçada pelos políticos, pois lida com todas as esferas do poder público.

Quando Maguito foi indicado para a função, também houve grande resistência da direção do banco ao seu nome, pois costumavam prevalecer na instituição perfis técnicos para ocupar cargos de comando.

Mas Maguito, num tom conciliador, conseguiu ser aceito pelos demais vice-presidentes e diretores do BB. Ele teria tido participação importante, por exemplo, na estratégia de obter folhas de pagamento de funcionários públicos, como ocorreu com os servidores da Bahia e de Minas Gerais.

Já em relação a Lúcio Alcântara, a avaliação dos executivos da instituição é que ele provocaria embaraço para o banco, sobretudo por conta do problema relacionado a seu filho.

Outro lado

Léo Alcântara detém, por meio da empresa LA Participações, a Central de Negócios e Cobrança Ltda., conhecida pelo nome de Chegue e Pague. O Banco do Brasil moveu processo na Justiça contra a pessoa física de Léo Alcântara e a pessoa jurídica, acusando a empresa de ter provocado um prejuízo de aproximadamente R$ 8 milhões ao banco.

"Se o BB tivesse tanta certeza do prejuízo, executava a Central de Negócios. Mas só entrou com uma ação simples de cobrança", disse o deputado, acrescentando que as únicas decisões judiciais até agora foram favoráveis a ele.

A Chegue e Pague tinha um contrato de correspondente bancário com o BB. O prejuízo que o banco alega ter tido com a empresa se deve a dois fatores.

O primeiro é um empréstimo concedido à Chegue e Pague para a ampliação da empresa. O segundo, de acordo com o BB, é que a empresa não repassava à instituição financeira a parte que lhe cabia na prestação de serviços, como recebimento de contas de água, luz e telefone.

"Contratamos a consultoria Trevisan, por decisão do BB, para calcular os valores a serem repassados. O BB não aceitou a auditoria da própria Trevisan."

Outro sócio da Chegue e Pague chama-se Ricardo Martins Mendes, filho de José Maria Mendes, ex-secretário de Fazenda do Ceará na gestão de Lúcio Alcântara.

"Meu pai ainda não recebeu um convite formal. Por enquanto é tudo boato. Mas, se vier a ocupar o cargo, não vejo conflito de interesses. O caso está na Justiça, e meu pai não tem ingerência sobre a Justiça", disse o deputado.

Apesar de Lula ter decido indicar Alcântara, não há ainda ato formal no banco com sua nomeação para o cargo.





Fonte: Folha de S.Paulo

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