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Meio Ambiente
Quarta - 04 de Junho de 2008 às 07:15
Por: Juliana Michaela/Direto de Cui

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Mato Grosso foi o Estado que mais contribuiu para o desmatamento da Amazônia Legal no período de agosto de 2007 a abril de 2008, com 51%. Isso representa 1.952 km² de área desmatada. Os dados foram gerados pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) desenvolvido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

A Amazônia Legal inclui áreas nos Estados de Pará, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas, Roraima, Acre, Amapá, Maranhão e Tocantins.

O Estado do Pará vem em seguida, com 1.375 km², ou seja, 36%; e Rondônia, com 345 km², 9%. Os outros Estados reunidos somam 4% do total desmatado. As informações são do boletim Transparência Florestal, que será lançado hoje em Brasília.

Entre agosto de 2007 e abril de 2008, o desmatamento teve aumento de 10% em relação ao período anterior (agosto de 2006 a abril de 2007), que foi de 3.849 km² a 3.476 km² desmatados. Também houve aumento de 42% de áreas desmatadas nos quatro primeiros meses de 2008 (de 292 km² no ano passado para 415 km²).

Embora Mato Grosso represente o Estado que mais contribuiu para o desmatamento, o SAD registrou uma ligeira queda de 14% no desmatamento do Estado ao comparar com o mesmo período do ano passado. Enquanto isso, os maiores aumentos proporcionais ocorreram no Pará, com 74%; Acre, 73%; Amazonas, 24%; e Rondônia, 23%.

"De agosto de 2007 a abril de 2008 existe uma redução no desmatamento em Mato Grosso de 14%. Entretanto, se compararmos de janeiro a abril de 2008 podemos observar uma tendência muito forte da retomada do desmatamento. Os governos federal e estadual precisam olhar para essa tendência de aumento e realizar ações para conter o desmatamento", declarou o coordenador executivo do Instituto Centro Vida (ICV), que é parceiro do Imazon, Sergio Guimarães.

No Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, constatou-se que 81% dos desmatamentos na Amazônia Legal ocorreram em áreas privadas ou em diversos estágios de posse; 12% nas áreas protegidas (terras indígenas e unidades de conservação); e 7% nos assentamentos de reforma agrária. Dos 20 municípios listados pelo SAD como os que mais desmataram, 16 fazem parte da lista dos 36 municípios que mais desmataram em 2007, segundo os dados do Ministério do Meio Ambiente.

Para Sergio Guimarães, o combate à ilegalidade é fundamental. "Em Mato Grosso, constatamos que mais de 80% dos desmatamentos registrados em abril deste ano ocorreram de forma ilegal. Registramos 77% de desmatamento ilegal nas propriedades privadas que não possuem cadastros de licenciamento ambiental, como naquelas que possuem, mas não respeitam a Reserva Legal. Sem contar os desmatamentos ilegais nos assentamentos da reforma agrária", disse o coordenador executivo do ICV.

Diferenças

Ao analisar os dados de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) e do SAD, é possível observar diferenças. O Deter mapeia tanto áreas de corte raso (após a retirada das espécies com valor comercial, o restante da floresta é derrubado e queimado), quanto áreas em processo de desmatamento por degradação florestal. Já o SAD mapeia apenas áreas de corte raso. Ambos utilizam satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Para visualizar essas diferenças, nesta segunda-feira, o Inpe divulgou que Mato Grosso registrou 794,1 km² de área desmatada, ou seja, 70,7% de um total de 1.123 km² da Floresta Amazônica que sofreram corte raso ou degradação progressiva durante o último mês de abril, identificados pelo sistema Deter.

Já pelo SAD, o desmatamento total detectado na Amazônia Legal no mês de abril atingiu 156 km². O destaque permanece com Mato Grosso com 99 km², que totaliza 63%. O Deter, por sua vez, apresenta um alerta de desmatamento na Amazônia Legal de 1.123 km².

"O que ocorre são diferenças conceituais. O SAD utiliza apenas corte raso nos seus dados porque essa é a definição cientifica para desmatamento. Precisamos sair dessa armadilha dos números. Os dois sistemas mostram que está havendo um aumento no desmatamento a partir de janeiro deste ano, e é preciso uma ação efetiva por parte dos governos", finaliza Sergio Guimarães, do ICV.





Fonte: Redação Terra

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