Líderes agora tentam “convencer” Iraci de ser vice de Walter Rabello
Todos são pesos pesados! Oscar Ribeiro, Jaime Campos, Júlio Campos, José Riva, entre tantos outros, estão neste momento no gabinete 205 da Assembléia Legislativa numa missão definitiva: convencer a ex-vice governadora Iraci França, dos Democratas, a abandonar a intenção de ser candidata a prefeita de Cuiabá e sair como vice de Walter Rabello, do Partido Progressista. Missão árdua, diga-se de passagem, já que Iraci se mostrava entusiasmada e, ao mesmo tempo, os líderes do próprio DEM avalizavam com todas as letras a pretensão. O gabinete em questão é ocupado por Roberto França, esposo de Iraci e ex-prefeito de Cuiabá.
Fazer Iraci recuar da candidatura em Cuiabá faz parte do acordo político firmado entre progressistas e democratas. A aliança estratégica tem como finalidade as eleições de 2010. Na verdade, em favor do clã político Campos. Para o PP, meio que às avessas. Em Várzea Grande, Maksuês Leite foi “comovido” a apoiar Júlio Campos, segundo colocado na pesquisa. Em troca, o DEM apoiaria o candidato do PP em Cuiabá, no caso, a combalida candidatura de Walter Rabello. Vices e cargos outros também são negociados entre os líderes dos dois partidos.
Iraci não deverá resistir muito. Até porque a ação do clã político tem se notabilizado por uma espécie de rolo compressor. Começa com a decisão de Júlio Campos em deixar o cargo vitalício de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) para ser candidato a prefeito. Júlio atropelou o projeto político do deputado Wallace Guimarães, que foi derrotado por alguns poucos votos na eleição contra Murilo Domingos, depois de ter entrado no meio do jogo, após renúncia de Campos Neto. Wallace esperava o reconhecimento do grupo e teve sua pré-candidatura triturada internamente por Júlio.
Na ação articulada da família, Jaime Campos, o senador, se lançou candidato a governador do Estado em 2010. Em meio a organização dos democratas, lançou a velha e conhecida “caravana da democracia”. De cara, já suprimiu um adversário, o nome preferido do governador Blairo Maggi, o economista Luiz Antônio Pagot, atual diretor-presidente do Departamento Nacional de Infra-Estrutura Terrestre (DNIT), que vem a ser seu suplente no Senado. Ao mesmo tempo, Jaime namora um entendimento político com o PSDB do prefeito Wilson Santos – que, agora, fica mais distante pelo acordo com os progressistas.
Para tentar convencer Iraci, há compensações. Ainda não se sabem quais. O fato é que a ex-vice governadora tenta avançar nas pesquisas, mas não têm conseguido seu objetivo. Os líderes dos democratas e dos progressistas tentam mostrar que um acordo pode fortalecer Rabello – que vem enfrentando seguidos baques: perdeu o emprego na TV, onde mantinha um programa de gosto popular-eleitoral; e foi cassado pela Justiça Eleitoral por infidelidade partidária, em ação movida pelo Ministério Público Eleitoral. O apoio de Iraci a Rabello teria efeitos eleitorais, dando mais credibilidade ao político, para que volte a se segurar nas pesquisas – na qual vem despencando.
A renúncia de Iraci significa, em outras palavras, uma injeção para reanimar Rabello. A começar pelo próprio financiamento da campanha. Raciocínio simples: o que o PP iria gastar em Várzea Grande para manter Maksuês Leite na disputa, por exemplo, migraria para Cuiabá. O que os democratas iriam gastar a mais com Júlio Campos disputando uma eleição, se torna econômico com a desistência de Leite. O dinheiro também poderá “reforçar” o caixa de campanha de Rabello – que, até aqui, se limita a ter apenas assessores bancados pelo privilégio de ser ainda deputado. Se perder o cargo, nem isso terá mais. Com o caixa polpudo, o deputado progressista pode conseguir levar sua postulação até outubro.
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