Vereadora cobra afastamento de Lutero da Presidência da Câmara de Cuiabá

A vereadora professora Enelinda Scala (PT) voltou à Tribuna da Câmara Municipal, na sessão de hoje (15), para mais uma vez solicitar ao presidente do Poder Legislativo, Lutero Ponce (PMDB), que se afaste do cargo até que as denúncias de irregularidades sejam apuradas pela Justiça.

As irregularidades na Câmara são muitas, e motivaram a Polícia Civil a instaurar inquérito criminal, por crime comum, contra a então presidente Chica Nunes (PSDB), atualmente deputada estadual, e o então primeiro-secretário, Lutero Ponce, na gestão 2005/2006.

Segundo Enelinda Scala, o requerimento apresentado, na terça-feira (13), que solicita o afastamento, é em defesa dos interesses da população. “Essa é uma posição política, uma vez que sou representante do povo no legislativo cuiabano”, afirma a petista, acrescentando que o afastamento de Lutero Ponce da Mesa Diretora é uma forma do próprio presidente se resguardar das acusações. “Não acuso o colega, mas é preciso que ele dê uma demonstração de lisura”, explica Enelinda Scala.

A professora apontou absurdos cometidos pela administração da Câmara, relatados na auditoria encomendada pelo próprio legislativo. A vereadora do PT leu parte da conclusão da auditoria independente que recomenda que as contas sejam apuradas por órgãos de controle externo, como o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Em 2005 e 2006 a Câmara apontou gastos como produtos que fogem da utilização do poder, como absorventes íntimos para mulheres, cigarros, vinhos e incensos.

“Só estamos tendo acesso à cópia dessa auditoria, paga com dinheiro público, porque a justiça determinou. Caso contrário, dificilmente teríamos conhecimento”, garante Enelinda. Na terça-feira, os presidentes do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE), Antônio Cavalcante, e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seccional de Mato Grosso, Francisco Faiad, foram à Câmara Municipal entregar cópia do despacho do juiz Alberto Ferreira determinando a Mesa Diretora a liberação de cópia da auditoria independente. “Isso é um horror e certamente vai deixar marcas profundas na credibilidade da instituição”, teme a professora, afirmando que a situação é caótica.