Nortão: senadores 'investigam' situação de desmates
Depois passarem pelo Pará, senadores que compõem a comissão temporária criada para apurar os riscos ambientais em municípios da região amazônica, concentrarão as inspeções em Mato Grosso, em algumas cidades onde o INPE apontou grande incidência de desmates. Eles também se reunirão com lideranças políticas e do setor produtivo para debater o assunto. Os parlamentares verificam a situação em que estão inseridas 36 cidades entre Mato Grosso, Pará e Rondônia, relacionadas ao mapa do desmatamento, elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Posteriormente, os senadores pretendem confrontar os dados sobre desmates e que resultaram na proibição de atividades nas áreas embargadas, tanto da pecuária como madeireira. O próprio Inpe admitiu, recentemente, que cerca de 40% dos dados estavam errados e não eram cortes rasos de árvores, porém, os embargos foram mantidos.
Em Sinop, os senadores Jayme Campos (DEM), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), além de Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), Expedito Júnior (PR-RO), Serys Slhessarenko (PT) e Gilberto Goellner (DEM), chegam por volta das 15h de amanhã, logo após saírem de Alta Floresta. O grupo fará visitas em locais a serem programados, participará de uma reunião com prefeitos da região, setores agrícola e madeireiro. Às 17h30, estarão em uma audiência pública.
De acordo com o prefeito Nilson Leitão, um dos pontos a serem levados ao representantes do Congresso será a forma como uma das operações resultantes da veiculação dos dados (a Arco de Fogo) foi deflagrada. Seu objetivo é questionado, já que ela se destina a conter os avanços da destruição na floresta. Muitos segmentos criticam-na pelo fato de ter iniciado em uma cidade que não foi inserida entre as maiores devastadoras -Sinop, bem como não ir aos pontos de desmate, mas ao setor madeireiro.
“Essa comissão vem equilibrar o debate na questão ambiental, e que estamos perdendo. Até agora só foram ouvidas vozes dos técnicos do Ibama, Ministério do Ambiente”, declarou o prefeito Nilson Leitão. "Deu prejuízo para todos, criou insegurança econômica e emocional", ressaltou, hoje, em entrevista coletiva.
A cobrança será que a atuação da comissão não dure apenas um ano, mas se torne permanente. "Que escutem as lamentações mas acima de tudo, as propostas que temos para a questão ambiental", salientou ainda o prefeito.
Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte (Sindusmad), Sindicato Rural entre outras entidades entregarão aos senadores documentos, pelos quais pretendem demonstrar as transformações ocorridas na região nos últimos anos, devido as ações ambientais. Um dos dados a serem citados é a diminuição dos empregos em empresas do setor madeireiro no Nortão, que de 12,5 mil em 2004 passaram para 2,5 mil em 2008.
"Queremos demonstrar a eles o equívoco que tem sido esta operação. Mostrar números, a realidade. A Arco de Fogo foi criada para conter o desmatamento ilegal, baseado nos dados equivocados do Inpe, e até agora não vimos nenhuma investigação em cima de áreas de desmate, mas inclusive do setor de base florestal", argumentou José Eduardo Pinto, presidente do Sindusmad.
Conselho de Desenvolvimento do Norte (Codenorte), Associação dos Criadores do Norte (Acrinorte), Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), Associação Comercial e Empresarial (ACES), entre outras entidades, terão representantes na audiência pública.
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