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Politica Brasil
Quarta - 14 de Maio de 2008 às 06:29

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ao ex-governador do Acre Jorge Viana que gostaria que ele assumisse o Meio Ambiente no lugar de Marina Silva, que entregou nesta terça-feira o seu pedido de demissão.

Em telefonema ao ex-governador na noite desta terça, Lula afirmou que desejava conversar pessoalmente de manhã para bater o martelo. Viana respondeu que viajaria hoje no primeiro avião para Brasília.

Na virada do primeiro para o segundo mandato, Lula quis trocar Marina por Viana, mas o ex-governador preferiu não substituí-la para não passar a idéia de traição. Na época, ele disse a Lula que só aceitaria a pasta na hipótese de Marina pedir para sair.

Viana e Marina fizeram carreira política juntos no Acre, e o ex-governador pretende obter uma espécie de aval da colega para assumir o cargo.

Nesta terça, Marina entregou seu pedido de demissão em uma carta, na qual reclama da resistência que enfrentou no governo e da falta de sustentação política. "Vossa Excelência é testemunha das crescentes resistências encontradas por nossa equipe junto a setores importantes do governo e da sociedade", disse ela.

"Em muitos momentos, só conseguimos avançar devido ao seu acolhimento direto e pessoal. No entanto, as difíceis tarefas que o governo ainda tem pela frente sinalizam que é necessária a reconstrução da sustentação política para agenda ambiental."

Ministérios

Marina vinha entrando em conflitos com outros ministérios, como a Casa Civil e a Agricultura, em casos e questões que opõem proteção ambiental a interesses econômicos.

O mal-estar entre Marina Silva e Dilma Rousseff (Casa Civil) começou em julho do ano passado, por conta das negociações em torno do edital para as concessões do leilão das usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (RO).

Com o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura), o desentendimento girava em torno do plantio de cana. Para Marina, Stephanes incentiva o plantio de cana em áreas degradadas da Amazônia, do Pantanal e da mata atlântica.

Recentemente, Marina teria ficado descontente com a nomeação de Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) para coordenar o PAS (Plano Amazônia Sustentável).

Segunda opção

Ontem, o Palácio do Planalto convidou Carlos Minc, secretário do Ambiente do Estado do Rio, para assumir o lugar de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente. Seu nome foi indicado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).

A indicação de Minc para o Meio Ambiente desagrada setores do PT, que queriam manter a pasta sob o comando de um petista mais alinhado com o grupo de Marina. De acordo com interlocutores, Lula ficou impressionado ao receber relatos detalhados com as ações de Minc na Secretaria Estadual do Meio Ambiente no Rio.

Sem consenso na base de apoio, Lula determinou a seus assessores diretos que informem não ter ocorrido convite algum. Oficialmente, a informação é que não há substituto e que o nome dele (ou dela) não tem data para ser definido.

Defensores de Viana defendem que sua nomeação amenizaria o efeito negativo na comunidade internacional da saída de Marina.

Para o Greenpeace, por exemplo, o pedido de demissão de Marina Silva foi um desastre. A organização afirma que o fato mostra uma mudança de postura do governo em relação à questão ambiental.

"Nossa opinião é que isso [o pedido de demissão] é a prova cabal e derradeira das reais intenções do governo Lula em relação a essa questão. O meio ambiente, a questão da Amazônia, perdeu seu anjo da guarda, a única voz no governo que ainda defendia a prudência, o juízo, em relação às questões ambientais", afirma Sergio Leitão, diretor de políticas públicas do Greenpeace, à Folha Online.





Fonte: Folha Online

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