Maggi "ajudou" na queda de Marina; governador nega
O governador Blairo Maggi está sendo apontado por setores políticos como um dos responsáveis pela queda da ministra Marina Silva, do Meio Ambiente. O senador Expedito Júnior (PR-RO) revelou no começo da noite que a "gota d´água" para o pedido de demissão da ministra foi a reunião ocorrida na semana passada, no Palácio do Planalto, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e governadores da região Norte. O governador Blairo Maggi participou do encontro e fez duras críticas à condução da política ambiental da ministra.
Na reunião da semana passada, o assunto principal, segundo o senador Expedito, foi o Plano Amazônia Sustentável (PAS). Os governadores "descascaram a ministra" e a forma como o Ministério conduz a política governamental para o setor. As críticas foram imediatamente rebatidas por Marina. "Na hora, ela se indispôs e foi contra" - disse Expedito Júnior. No ataque contra a ministra também o governador de Rondônia, Ivo Cassol.
O governador de Mato Grosso disse ainda que o decreto 6.321 que listou 36 municípios com maior índice de desmatamento, e principalmente os itens do Plano Amazônia Sustentável, deve ser revisto, pois ainda não refletem a real situação que foi causada. “O plano ainda está muito modesto e precisa desde já uma revisão de todos os atos para que haja mudanças substanciais nos municípios” - argumentou.
O estopim da insatisfação da ministra teria sido o apoio do presidente ao Fórum de Governadores dos Estados da Amazônia Legal, com participação também de representantes do Governo Federal. O fórum foi criado para restabelecer o antigo Conselho Deliberativo de ações para a Amazônia (Condel). Com ele, qualquer ação do Governo Federal em relação à Amazônia Legal teria que ser debatida entre os seus representantes. Ou seja, um cerco às ações ambientais.
No começo do segundo mandato de Lula, Maggi teria se queixado ao presidente, num encontro numa fazenda, em Mato Grosso, das dificuldades políticas com Marina no cargo. Na época, o governador teria sugerido que Lula indicasse nomes que pudessem estabelecer comprometimento maior com o desenvolvimento sustentável. Marina seguiu no cargo e o governador negou que tivesse dialogado com Lula no sentido de vetar o nome da ministra – reconhecida internacionalmente pela sua luta em defesa do meio ambiente.
Antes da reunião com os governadores, Maggi levou ao presidente documentos sobre o desmatamento em Mato Grosso para contrapor aos dados do Ministério do Meio Ambiente, baseados em informações colhidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Ele fez duras queixas contra a Operação Arco de Fogo e, principalmente, pela forma como o Ministério conduziu as informações que resultaram no endurecimento das regras ambientais na região Norte do Estado.
Apesar das evidências, Maggi nega participação na pressão que resultou no pedido de demissão da ministra. Porta-vozes do Palácio Paiaguás admitiram que o chefe do Executivo Estadual tinha diversas divergências com a ministra, mas que não houve qualquer movimentação por parte de Maggi contra a condução da política ambiental brasileira. “As divergências foram responsáveis pelo avanço dessa política ambiental” – disse um assessor palaciano.
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