Coletânea resgata trajetória do cinema em Mato Grosso
A coletânea “Memória e Mito do Cinema em Mato Grosso” do cineasta e pesquisador Luiz Borges foi lançada no último fim de semana, durante o V Festival da América do Sul ocorrido em Corumbá. Os três volumes da coletânea retratam a trajetória do cinema entre os anos de 1886 a 1970 em Mato Grosso que ainda formava com Mato Grosso do Sul um só Estado.
O primeiro livro, “Memória do Cinema em Mato Grosso”, faz todo um resgate histórico do cinema em Mato Grosso neste período. O segundo volume, “O Mito do Cinema em Mato Grosso - Arne Sucksdorff”, apresenta um estudo sobre a obra do sueco no seu país de origem, sua passagem decisiva pelo cinema brasileiro nos anos 60 e suas contribuições no Estado.
Já o terceiro, “Filmografia do Cinema em Mato Grosso”, traz um inventário das produções realizadas entre os anos de 1900 e 1970, filmografias do cinema brasileiro exibido em Mato Grosso, além daquelas realizadas por Sucksdorff. A coletânea é resultado da pesquisa de Mestrado que Borges desenvolveu na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).
No lançamento, Borges se emocionou ao relatar sobre como foi o trabalho para a construção do livro, especialmente durante suas entrevistas com Maria de Jesus Sucksdorff, esposa do cineasta sueco. “É um momento muito especial. Espero que essa obra ajude divulgar e ampliar a luta em defesa pelo pantanal e pelo meio ambiente mato-grossense, que teve origem graças a iniciativa do Arne e Maria Sucksdorff, que foram os pioneiros nesta causa, e por isso viveram toda sorte de perseguições e intolerância”, observou.
Editada pela Entrelinhas, a publicação foi patrocinada pelos Governo do Estado de Mato Grosso, por meio do Fundo Estadual de Fomento à Cultura, da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A coletânea estará a disposição dos leitores após o lançamento em Cuiabá, que ocorre durante o 15° Festival de Cinema que comemora os cem anos de cinema em Mato Grosso.
Além disso, o escritor pontuou que a trilogia tem o mérito de situar Mato Grosso como um todo, desde a sua ocupação pelas Bandeiras do Século 18. “Toda essa retrospectiva feita pelo cinema, também resgata contextos históricos do Estado passando, por exemplo, pela importância que a navegação da Bacia do Prata teve para os dois grandes centros mato-grossenses da época, as rivais Cuiabá e Corumbá, até as tentativas – em grande parte frustradas – de fazer chegar àquelas terras algumas formas de progresso econômico e cultural”.
Presente no evento, o presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Américo Calheiros, fez questão de salientar que o seu Estado está patrocinando um dos livros, por acreditar que o trabalho é de “suma importância, na medida em que cumpre também uma função de resgate histórico e cultural dos dois Estados, que sofreram no final da década de 70 a separação político-territorial”.
“Para Mato Grosso do Sul, apoiar a Filmografia do Cinema em Mato Grosso é investir na preservação de nossa memória cultural em comum. Esse painel revela desde a importância do cine-jornalismo realizado nos primórdios da produção local até a discussão em torno da obra de Arne Sucksdorff, cineasta sueco radicado em Cuiabá. Também queremos estreitar os laços para fortalecer a história da produção cinematográfica do Centro-Oeste, através do resgate de sua memória”, enfatizou Américo.
Trata da trajetória do cinema no Estado sob a ótica da imprensa mato-grossense no período de 1888 a 1970. Da primeira sessão de cinema às produções realizadas, o desenvolvimento desta arte se estabelece por meio de uma relação com o teatro, a música, a literatura e as artes plásticas regionais. Esta singular trajetória da sétima arte em Mato Grosso é pontuada tendo como filtro as políticas de cada governo, além de sua contextualização no processo de desenvolvimento do cinema brasileiro no período.
É um inventário das contribuições do cinema sueco Arne Sucksdorff para o desenvolvimento da linguagem e técnica do documentário e do cienma em geral, no seu país de origem, a Suécia, e no Brasil, nos irrequietos e explosivos anos 60, quando ingressavam novos cineastas nas fileiras do Cinema Novo. O livro resgata ainda a amorosa e importante participação da agrônoma Maria de Jesus Sucksdorff na obra mato-grossense do cineasta e no movimento ambientalista internacional em defesa do Pantanal mato-grossense.
Apresenta as filmografias resultantes da pesquisa Memória e Mito do Cinema em Mato Grosso realizada na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, sob a orientação da professora doutora, Maria Rita Eliezer Galvão. São apresentados a catalogação do cinema em Mato Grosso referente ao período de 1900 a 1970, os filmes produzidos e realizados no Estado, os filmes brasileiros exibidos e noticiados na imprensa mato-grossense, e a filmografia do cineasta sueco Arne Sucksdorff.
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