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Politica Brasil
Segunda - 24 de Março de 2008 às 08:41

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse no domingo que trabalha para fazer seu sucessor e defende que os partidos da base de sustentação do governo se articulem para lançar um candidato. Ele também rechaçou uma união entre o PT e o PSDB para uma candidatura às eleições presidenciais de 2010.

As declarações foram dadas em entrevista ao programa Em Questão da TV Gazeta que foi ao ar no domingo à noite. A gravação, de 35 minutos, foi realizada na quinta-feira no Palácio do Planalto.

"Eu trabalho com muita vontade de fazer minha sucessão. Se alguém acha que pelo fato de eu não ser candidato não vamos ganhar as eleições, pode começar a se preocupar porque estou trabalhando para nós ganharmos a eleição", afirmou o presidente.

Lula disse, no entanto, que vai esperar o resultado das eleições municipais de outubro deste ano para se dedicar à escolha de um nome para concorrer à presidência em 2010.

"Eu não tenho candidato. Acho que a base que sustenta o governo hoje tem que lançar uma candidatura. Agora, eu só vou pensar nisso e conversar com os partidos depois das eleições municipais. Obviamente que os partidos não têm que ficar esperando o presidente da República, os partidos têm interesse próprio".

O nome da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), cotada para concorrer à sucessão de Lula, foi dos poucos citados pelo presidente entre os integrantes de sua equipe. Ele voltou a dizer que ela é "a mãe do PAC" e explicou que o apelido vem do fato de a ministra ser coordenadora do grupo gestor do Programa de Aceleração do Crescimento.

"Temos muito cuidado com o PAC. O PAC foi um filho bem cuidado, por isso que outro dia eu disse que a Dilma é a mãe do PAC, porque ela é a coordenadora", disse.

Lula afirmou também que o acordo PT-PSDB que está sendo costurado pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), para a sucessão na capital mineira pode não ser aceito pelo PT e se opôs à uma aliança entre as duas legendas para 2010.

"Hoje é impossível (a aliança para 2010). O fato de Aécio Neves estar fazendo um acordo com o prefeito Pimentel não significa que também seja aceito pelo PT", disse.

Nesta segunda-feira, o Diretório Nacional do PT tem encontro em Brasília para discutir a política de alianças para a eleição municipal deste ano e o caso da capital mineira é dos mais polêmicos.

Lula afirmou que, como presidente, tem boas relações com Aécio, José Serra e os demais governadores tucanos, exemplificando com as transferências de recursos do PAC direcionados a esses Estados.

O presidente reiterou ser contrário à alteração na Constituição que lhe permita concorrer a um terceiro mandato e defendeu a alternância de poder. "Sou contra um terceiro mandato. Só quer o terceiro mandato quem não sabe o que é o tamanho e o peso de governar este país. A alternância de poder é a coisa mais importante para concretizar e fortalecer a democracia brasileira".

Equilíbrio em MPs

Lula se manifestou de forma favorável a alterações na tramitação das medidas provisórias, como vem cobrando a oposição. "Eu quero que o Congresso encontre a melhor forma para que o fato de um governante precisar emitir medidas provisórias não seja um desconforto para o Congresso... É preciso encontrar um ponto de equilíbrio para que nem o Congresso deixe de cumprir com sua função e nem o governo deixe de governar."

Ele afirmou que concorda em ampliar o uso de projetos de lei, desde seja estabelecido um prazo para que este instrumento seja votado pelo Congresso. Hoje, uma MP tranca a pauta de votações em 45 dias.

Quanto à crise financeira dos Estados Unidos, Lula disse que espera que os EUA sejam capazes de controlar a situação. "Nós estamos cautelosos, nós sabemos o que significa uma crise nos EUA... Eu tenho dito que os EUA precisam assumir a responsabilidade de debelar esta crise o quanto antes para não jogar nas costas dos países em desenvolvimento os prejuízos da crise".

Reiterou que a economia brasileira está sólida em decorrência de conjunto de fatores: quase US$ 200 bilhões em reservas internacionais, crescimento das exportações e ampliação do mercado interno.

Em relação ao veto à entrada de brasileiros na Espanha, o presidente disse que se sente pessoalmente ofendido. "Eu me sinto ofendido... Obviamente que se um país, seja ele a Espanha ou qualquer outro, começa a perseguir brasileiros, obviamente que nós temos que defender os brasileiros".

O presidente acredita que as negociações empreendidas pelo ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) com as autoridades espanholas devem levar à normalização da situação em breve.





Fonte: Folha Online

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