Bancada ruralista muda estratégia na Câmara
Brasília - A bancada dos ruralistas na Câmara vai mudar sua estratégia. A intenção é, a partir de agora, evitar o confronto direto e buscar espaços no Congresso para, posteriormente, estender o debate para o Executivo, que na avaliação de seus integrantes desde o ano passado vem tomando medidas "unilaterais".
Na semana passada, dois de seus deputados conseguiram, depois de intensa negociação com os partidos, vagas na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
O ex-presidente da Comissão de Agricultura Marcos Montes (DEM-MG) será titular. Homero Pereira (PR-MT), que presidiu a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e é um dos defensores do agronegócio da soja no Congresso, ficou como suplente. "Quero ser ouvido e acredito que lá será mais fácil", contou Pereira. Mato Grosso está no centro das discussões sobre produção de alimentos e preservação ambiental.
Na visão da bancada, a primeira medida unilateral é a obrigatoriedade de recadastramento das grandes propriedades rurais dos 36 municípios campeões de desmatamento até julho. Os produtores alegam que não encontram empresas para fazer o trabalho nesse prazo. "O governo não está levando em conta as limitações de logística que cada município tem", reclamou o atual presidente da Famato, Rui Prado. Outra medida que desagradou aos produtores foi a exigência adicional para a concessão de crédito rural na Amazônia, como determinou o Conselho Monetário Nacional (CMN) em fevereiro.
Montes, porém, afirma que o importante é pensar para a frente. As novas regras do Código Florestal são prioridade. O projeto, de 2001, parou na Comissão de Meio Ambiente há pelo menos 3 anos. O relator, Moacir Micheletto (PMDB-PR), considera alguns pontos ultrapassados e vai procurar deputados ligados ao meio ambiente para negociar. "Só com a definição de regras acabaremos com o samba do crioulo doido dos últimos tempos. O presidente Lula e o CMN estão mandando num assunto que é de competência do Congresso."
O presidente da comissão, André de Paula (DEM-PE), aposta no entendimento. "É possível conciliar o que parece inconciliável." Paula disse que vai cobrar definições, principalmente dos ambientalistas. "Eles ficam só brigando e não chegam a lugar nenhum. Precisamos agir", afirmou. "Alguns apostam na inação, na inércia. Não podemos só ficar imaginando que o Éden é possível." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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