PDT pressiona Lupi lá; PP deixa Daltro livre aqui
Há algo em comum entre Chico Daltro, secretário de Estado de Ciência e Tecnologia, e Carlos Lupi, ministro do Trabalho. Ambos são dirigentes partidários. Daltro é o presidente do PP de Mato Grosso. Lupi comanda a direção nacional do PDT. Há diferença é que a legenda pedetista acionou Lupi na Comissão de Ética Pública e pediu sua exoneração do cargo por considerar que ele enfrenta conflito de interesses, já que ocupa simultaneamente o cargo de ministro e o de presidente do PDT.
Por aqui, Daltro enfrenta na prática o mesmo conflito. Ele usou o trunfo de presidente do PP para se auto-emplacar secretário do governo Blairo Maggi e, de quebra, ainda nomear parentes na Ciência e Tecnologia. Alguns progressistas ensaiam reação contra o Palácio Paiaguás, mas seu presidente, para não perder o cargo, rejeita a idéia de oposição.
A comissão de Ética do PP, que tem os deputados José Riva e Pedro Henry como principais líderes e que poderia servir de bússola do comportamento dos filiados, nem admite enquadrar Daltro. Como secretário, Daltro pode tomar medidas que beneficiassem o partido. Como presidente da sigla, ele poderia se locupletar dos atos do governador.
Mesmo que a comissão do PDT não tenha conseguido respaldo do presidente Lula no sentido de exonerar o ministro pedetista, a reação surtiu efeito positivo, em nome da ética e moralidade. O PP não vai recomendar que o ex-deputado deixe uma das funções. Parece ser conveniente para o PP, principalmente para Daltro, que tudo continue como dantes.
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