CPI das ONGs pede quebra de sigilo bancário e fiscal da AMM
Investigações realizadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) apontam suspeitas de superfaturamento e desvio de recursos nos investimentos previstos em convênios de quase R$ 1,4 milhão entre o Ministério do Turismo e a entidade municipalista. Nove convênios firmados em 2005 receberam verbas "sem aparente pertinência temática com turismo", de acordo com o relatório do Tribunal.
No texto, o TCU fala sobre a "existência de esquema de corrupção envolvendo recursos federais repassados por meio de convênios, a partir de emendas parlamentares e com a participação de funcionários do alto escalão do ministério do Turismo, que agilizam a assinatura do convênio e, posteriormente, garantem a aprovação da correspondente prestação de contas".
Uma das suspeitas envolve o Parque Araguaia Golfe, de Barra do Garças, recebeu R$ 132 mil. Para "divulgar a existência do Araguaia Golfe Clube", de acordo com o convênio 481/2005, foram destinados R$ 132.550,20. Localizado em uma área de 60 mil m² em Barra do Garças, o clube é uma entidade de direito privado, que cobra mensalidade de seus sócios. Em seu relatório, o Tribunal relata que "o jogo de golfe não se coaduna com a Política Estadual de Turismo de Mato Grosso 2004-2013" e que o golfe “não é um esporte de massa e seu público restrito”.
Entre os eventos realizados com intermédio da Associação Matogrossense de Municípios com recursos do governo federal também está o "1º Encontro Cultural de Turismo do Bairro Goiabeiras". Nele, o ministério contribuiu com R$ 100 mil. Mas o Encontro não foi gratuito para quem o visitou. Houve cobrança de R$ 20 pelo ingresso e, segundo o TCU, a prestação de contas indica um público de 5.000 pessoas. Ou seja, uma arrecadação extra de mais R$ 100 mil. Na realização, houve um show da dupla sertaneja Teodoro e Sampaio, nacionalmente conhecida.
O Ministério do Turismo também contribuiu com R$ 24 mil em um evento realizado em Sinop, intitulado "Seminário Acadêmico dos Estudantes de Turismo e Marketing", atividade que o TCU considera que "não se coaduna com as diretrizes do plano nacional de turismo". O evento, segundo o Tribunal, serviu para a auto-promoção do verdadeiro organizador, a Faculdade de Sinop (Fasip).
“Por enquanto não temos nenhuma prova em relação ao esquema. Precisamos iniciar as investigações e por isso pedimos a quebra de sigilo bancário e fiscal da entidade. Daí, sim, poderemos obter as informações” - disse o presidente da CPI, em entrevista publicada nesta quarta-feira pelo jornal “O Globo”.
O deputado Guilherme Maluf (PSDB) também apresentou um requerimento direcionado ao presidente da AMM para que compareça à Assembléia Legislativa a fim de prestar esclarecimentos sobre as investigações do Tribunal de Contas da União. De acordo com o parlamentar, o TCU investiga o envolvimento do órgão com recursos financeiros públicos e suspeita de intermediação inconveniente da AMM na assinatura de convênios junto ao Ministério do Turismo.
Comentários