CPI das ONGs investiga um assessor de Abicalil
Após ter o nome vinculado, há dois anos, à trama do dossiê-antitucanos (esquema de compra de denúncias junto ao empresário Vedoin para comprometer tucanos, como José Serra), o deputado federal mato-grossense Carlos Abicalil (PT) vê agora um outro escândalo bater a sua porta. O seu assessor Wilmar Schrader, o Faraó, coordenador do escritório do deputado em Cuiabá, tem sob seus cuidados o Instituto de Apoio ao Desenvolvimento Humano e do Meio Ambiente, batizado com nome fantasia de Instituto Trópicos. Essa entidade recebeu verbas da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), ligada ao Ministério da Saúde, e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). No total, foi beneficiada com cerca de R$ 13 milhões entre 2001 e 2004.
Segundo revelou o Correio Braziliense, em sua edição desta segunda, a Controladoria-Geral da União descobriu que o instituto do assessor de Abicalil se encontra inadimplente com o governo federal. São quatro convênios firmados com a União, três com a Funasa e um com a Superintendência Estadual do Incra em Mato Grosso, envolvendo mais de R$ 9,4 milhões. "A ONG não deu satisfação do que fez com parte do dinheiro recebido", informa o jornal. Os três convênios com a Funasa, todos inadimplentes, seriam para assegurar a saúde de comunidades indígenas em MT.
A reportagem assinada por Marcelo Rocha revela que a CPI investiga a ONG do assessor de Abicalil por não prestar contas dos quase R$ 10 milhões. Os integrantes da Comissão querem saber detalhes das operações feitas pelo Instituto Trópicos. A matéria enfatiza que o rastreamento de CPFs dos responsáveis por esses convênios na Receita Federal possibilitou chegar a um dos homens de confiança de Abicalil. Wilmar Schrader, conhecido como Faraó, atuou no gabinete do petista em Brasília e depois se tornou coordenador do escritório em Cuaibá. Ele foi responsável pela ONG criada em 1996 até 2002, quando o petista se elegeu para uma vaga na Câmara dos Deputados. Advogado, Faró se desligou da entidade e passou, depois, a cuidar dos interesses parlamentares do congressista em Cuiabá, diz a matéria.
Informa ainda que Faraó é ligado ao PT mato-grossense, presidido por Abicalil. O assessor integra a Comissão de Ética do partido no estado para as eleições municipais deste ano. Em 2006, ano em que o deputado conseguiu se reeleger para mais quatro anos no Congresso, Faraó doou ao parlamentar R$ 928, diz trecho da reportagem. O Correio Braziliense informa também que, após a saída de Faraó da ONG quem ficou como responsável é também ligada ao PT. Trata-se de Cláudia Maria Calorio. Ela é cuiabana, mas filiada ao diretório regional do partido em Brasília. Cláudia desempenha atualmente função comissionada (DAS-4) no Ministério do Meio Ambiente.
Versão
Ao Correio, Cláudia disse de início que não se recordava do período exato em que respondeu pelo instituto. “Faz muito tempo. Acho que foi de 1999 a 2001”, afirmou. A informação de que seu CPF constava de convênio firmado pelo Trópicos com o MDA em 2003 refrescou-lhe a memória. “Nós devolvemos o dinheiro (R$ 100 mil) deste convênio porque não conseguimos realizá-lo”, explicou. Ela desconhecia, porém, a informação da CGU sobre a existência de tomada especial de contas para apurar a regularidade do processo. Apesar de conhecer Carlos Abicalil e Wilmar Schrader, com quem militou pela criação do instituto, Cláudia negou ligação da entidade com o PT, escreve o repórter Marcelo Rocha.
O deputado Abicalil foi procurado nesta segunda, mas não foi localizado para comentar o assunto.

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