Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, descreveram pela primeira vez a estrutura do capsídeo do HIV, a casca externa do vírus causador da Aids, com a ajuda de um supercomputador, em uma descoberta que, segundo cientistas, apresenta detalhes importantes para o desenvolvimento de futuros tratamentos contra a doença.
As informações estruturais do capsídeo poderão revelar vulnerabilidades do HIV, afirmam os cientistas. Os resultados foram publicados nesta quarta-feira (29) na edição on-line da revista “Nature” e devem ser divulgados na versão impressa do periódico nesta quinta (30).
Segundo os cientistas, o capsídeo é muito importante para a replicação do vírus HIV e detalhar sua estrutura pode contribuir para a criação de novas drogas contra a infecção.
“É uma alternativa poderosa às nossas terapias atuais, que trabalham visando certas enzimas. No entanto, a alta taxa de mutação do vírus ainda é um enorme desafio, já que cria resistência às drogas”, explicou Peijun Zhang, especialista que liderou o estudo, por meio de comunicado divulgado pela universidade norte-americana.
Complexa rede de proteínas
Os cientistas analisaram o capsídeo com a ajuda de potentes microscópios e, a partir dessas observações, foi verificado que a casca do HIV é composta de proteínas interligadas em uma rede “complexa”, não uniforme e assimétrica, o que dificultou quantificar as proteínas presentes.
Por isso, os pesquisadores utilizaram um supercomputador, que pertence à Universidade de Illinois e tem a capacidade de realizar ao menos um quatrilhão de cálculos por segundo, para obter mais detalhes. Com o equipamento, foi possível encontrar uma grade de três hélices, com interações moleculares em áreas importantes para a estabilidade do capsídeo.
De acordo com Zhang, o capsídeo é considerado muito sensível à mutação e, por isso, se os cientistas conseguirem interromper sua estrutura poderá interferir na proteção do vírus.
“O capsídeo tem que permanecer intacto para proteger o genoma do HIV e fazer com que ele permaneça no interior da célula humana. O desenvolvimento de medicamentos que causem uma disfunção do capsídeo, poderá impedir a reprodução do vírus”, explica a cientista no comunicado.
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