Sem medidas, vida marinha deve sofrer extinção em massa, diz estudo
A vida marinha deve sofrer extinção em massa em poucas décadas se a pesca intensiva, as mudanças climáticas, a acidificação da água, a poluição e o desenvolvimento litorâneo não forem combatidos, segundo um relatório apresentado nesta sexta-feira pela ONU (Organização das Nações Unidas).
O relatório "In Dead Water" ("Em Águas Mortas", em inglês), elaborado por uma equipe de cientistas a pedido do Pnuma (Programa da ONU para o Meio Ambiente) traça um panorama tenebroso.
"Há 65 milhões de anos, quando desapareceram os dinossauros, o mar estava saturado de CO2 (dióxido de carbono). Em poucas décadas, a partir de agora, a água do mar será ainda mais ácida do que naquela época", afirma Ken Caldeira, da Universidade de Stanford.
Caldeira, com outros cientistas e o diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, apresentou o relatório à imprensa.
Steiner resumiu as ameaças que assolam os oceanos: a pesca intensiva e as más práticas pesqueiras, como o arrasto e a pesca em profundidade, as mudanças climáticas e a poluição litorânea.
Segundo o diretor-executivo do Pnuma, "seria uma irresponsabilidade culpar uma só delas, mas, em coro, farão com que em 30 ou 40 anos desapareça a indústria pesqueira e aconteça o colapso biológico dos mares".
Concentração
O relatório indica que a metade das capturas pesqueiras do mundo acontece em menos de 10% do oceano. É nesta área que se produz a maior parte da atividade biológica de espécies consideradas chave na cadeia alimentar.
Devido às mudanças climáticas, "com o aumento de 3ºC na temperatura das águas superficiais, mais de 80% dos corais --fundamentais na ecologia marinha-- podem morrer em décadas, entre 80% e 100% em 2080", afirma o relatório.
A acidificação do mar, devido à dissolução de CO2 provocada pelo uso de combustíveis fósseis, em poucas décadas danificará também os corais e outras espécies que metabolizam conchas calcárias.
O número de zonas mortas --regiões com hipóxia (falta de oxigênio)-- aumentou de 149 em 2003 para 200 em 2006, afirma o relatório apresentado.
"A pesca intensiva e o arrasto de fundo estão degradando o habitat e ameaçando a produtividade e a diversidade biológica. As áreas danificadas pelos arrastos levarão vários séculos para se recuperar", advertem os cientistas.
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